O ministro da Energia Elétrica da Venezuela, Jesse Chacón, afirmou nesta quarta-feira (04/09) que há “sérios indícios” de que a causa do apagão que afetou pelo menos metade dos estados do país, na tarde de terça (03/09), tenha sido uma manipulação dos mecanismos de conexão de uma malha, que se soltou em uma das torres do sistema elétrico. De acordo com ele, no entanto, também existe a hipótese de “negligência”.
“Temos sérios indícios para pensar que houve uma atividade dirigida para a retirada dos sustentadores da malha, que traz como consequência a falha”, explicou, citando um relatório inicial realizado pela companhia estatal de eletricidade, após o corte na transmissão que fez com que pelo menos 12 dos 23 estados venezuelanos, além da capital do país, ficassem sem energia.
Agência Efe
Apagão parou sistemas de metrô de Caracas e deu nó no trânsito da capital venezuelana
Segundo ele, o Ministério Público está participando das investigações sobre as causas do blecaute, que devem determinar se a falha foi produzida por “negligência” com a proteção do sistema ou por uma “sabotagem induzida”. O ministro também anunciou o lançamento de um programa governamental, no dia 16 de setembro, para desenvolver um sistema de segurança mais eficiente para o setor elétrico.
Excedentes
Sobre a acusação de opositores de que havia sobrecarga na linha de transmissão afetada, Chacón afirmou que é “totalmente falsa” já que, de acordo com ele, o sistema tinha 3,5 mil megawatts excedentes “para atender qualquer aumento na demanda” de energia. Em relação à manutenção das subestações elétricas, afirmou que são realizadas semestralmente, e descartou falta do procedimento.
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O apagão desta terça fez com que a capital venezuelana – menos afetada por cortes de luz – ficasse sem energia por cerca de três horas. Semáforos apagados e a paralisação do sistema de metrô contribuíram para a formação de nós no trânsito e obrigaram muitos venezuelanos, dispensados do trabalho, voltassem a pé para casa. Cenas de complicação também foram registradas em grandes cidades do país.
Além de insinuar “sabotagem”, por meio de seu perfil no Twitter, durante o apagão, o presidente Nicolás Maduro fez um pronunciamento na noite de ontem, quando a luz já tinha se reestabelecido em parte dos estados do país, no qual afirmou que o blecaute era um “ensaio geral para um golpe elétrico” por parte da “extrema-direita”. Segundo ele, a oposição promove uma “guerra de baixa intensidade contra sua gestão”.
O governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, que não reconhece a derrota para Maduro na eleição presidencial de abril deste ano, também se manifestou na rede social, afirmando que o apagão “demonstra cada vez mais a terrível incapacidade” do Executivo venezuelano. “Merecemos ter um país sem apagões, onde se façam os investimentos em manutenção, em resolver a crise”, atacou o opositor.
Em abril, Maduro declarou “estado de emergência” do sistema elétrico venezuelano para que territórios de instalações elétricas em situação crítica estivessem sob o status de “zonas de segurança” por noventa dias. Na ocasião, o presidente já tinha se referido a uma “sabotagem elétrica” que estaria provocando falhas de energia em alguns Estados do país. Em agosto, um novo decreto, por igual período, foi publicado no boletim oficial.