A extrema-direita da União Europeia realiza nesta quinta (07/02) e sexta-feira (08/02) uma reunião de cúpula em Madri, convocada Patriots for Europe, partido ultra que atua no Parlamento Europeu. O encontro deve reunir dirigentes de 15 partidos de 13 países que, juntos, obtiveram 19 milhões de votos nas últimas eleições ao Parlamento Europeu.
Entre as presenças mais ilustres que confirmaram presença no encontro se incluem o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, o vice-presidente do Conselho de Ministros da Itália e líder de La Liga, Matteo Salvine, e a líder da oposição francesa de ultradireita Marine Le Pen.
Embora ausentes, o presidente norte-americano Donald Trump e o multimilionário Elon Musk também parecem pairar sobre o encontro. De fato, alguns avaliam que o Patriots se converteu no lobby de Musk no Parlamento europeu. O partido propôs Musk para o prêmio Sájarov de liberdade de consciência, convidou-o para dar uma palestra sobre liberdade de expressão na Euro-câmara e se opõe fortemente à aplicação de normativas europeias aos serviços digitais como a rede X, de Musk
Patriots, hoje presidido por Santiago Abascal, que também preside o Vox espanhol, foi o único partido europeu convidado para a posse de Donald Trump. Nesta sexta-feira, os participantes jantarão com os máximos responsáveis da Fundação Heritage, dos Estados Unidos, um dos mais potentes think tanks ultraconservadores do mundo e uma das principais fonte de inspiração ideológica do governo Trump.
Estratégia contra imigrantes e ‘fanatismo climático’
O encontro visa traçar a estratégia da ultradireita para os próximos meses no Parlamento Espanhol. Eles pretendem consolidar uma alternativa ao “consenso” que acreditam que há entre sociais democratas e o Partido Popular Europeu, de centro direita, com relação ao “fanatismo climático” e a política de “portas abertas à imigração massiva”. A reunião se concentrará em coordenar tanto as políticas nacionais como as conjuntas, as últimas de caráter predominantemente ideológico.
Em geral, os oradores falarão na ordem inversa do peso de seus partidos na internacional ultra. Os primeiros serão os representantes de quatro pequenos partidos da Estônia, Grécia, República Checa e Polônia. Eles devem reforçar o discurso geral populista, xenófobo, contrário ao projeto europeu e aos direitos da comunidade LGBTI+.

Santiago Abascal, presidente do partido ultradireitista europeu Patriots e do espanhol Vox
Falarão no sábado o italiano Salvini e Geert Wilders, do Partido pela Liberdade dos Países Baixos, que ganhou as eleições em 2023 e é majoritário na atual coalisão de quatro partidos. A presença de Salvini na Espanha é inédita, já que durante muitos anos foi odiado pelo Vox por seu flerte com os independentistas catalães de direita.
A participação de Salvini é reflexo da ruptura do Voz com a primeira ministra italiana Giorgia Meloni, que não convidou o Voz à última festa anual de sua juventude. No Parlamento europeu, Vox abandonou o grupo de Meloni para alinhar-se com Orbán, que recentemente abandonou o Partido Popular Europeu, de direita menos radical que os Patriots.
Meloni lidera do Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus que embora também céticos com relação à União Europeia tem uma postura mais institucional e cooperativa dentro do bloco. Orbán tem uma posição mais isolacionista e conflituosa com a UE.
Ultras superam direita tradicional em vários países
Salvini recentemente foi absolvido em um julgamento por ter impedido o desembarque na Itália de migrantes resgatados no mar pelo navio espanhol Open Arms. Já Le Pen responde a um inquérito por malversação de fundos da Euro-Câmara que poderia redundar na sua destituição.
Também confirmaram presença, embora não estejam previstos como oradores, o português André Ventura, líder do partido Chega!, o checo Adrej Babis, o partido ANO 2011 e o austríaco Herbert Kickl. Este último foi encarregado pelo presidente da Áustria de formar governo, depois que seu Partido da Liberdade (FPO) venceu as últimas eleições.
Reportagem do jornal espanhol El País destaca que em muitos dos países que estarão representados nessa cúpula, as forças da extrema direita já superaram a direita tradicional e se converteram na alternativa à esquerda ou aos social-democratas.
Entre os 2 mil participantes previstos no luxuoso hotel que abrigará o encontro, cerca de 300 são funcionários ou políticos eleitos do Vox e 200 jornalistas, que só terão acesso a parte das reuniões.