Um dia após o terremoto político provocado, principalmente na França, pelo resultado das eleições europeias, com a dissolução da Assembleia Nacional na noite de domingo (09/06), a corrida eleitoral para as legislativas antecipadas anunciadas pelo presidente francês Emmanuel Macron já começou. A primeira pesquisa de intenção de votos confirma a liderança da extrema direita.
O partido francês de extrema direita Rassemblement National (Reunião Nacional – RN) aparece com 34% das intenções de votos nas eleições legislativas antecipadas. O número é resultado de uma pesquisa realizada pelo instituto Harris Interactive – Toluna, que aponta 22% para uma eventual união da esquerda, 19% para o grupo do partido do presidente Macron e 9% para a direita tradicional.
Ainda de acordo com o estudo, se esse resultado se confirmar, o RN teria entre 235 e 265 cadeiras na Assembleia Nacional, contra 89 atualmente. Seguindo essa lógica, a maioria presidencial passaria de 249 assentos para 155, a aliança de esquerda Nupes ficaria entre 115 e 145 cadeiras (contra 153 hoje) e Os Republicanos, da direita tradicional, teriam entre 40 e 55 deputados, contra os 74 atuais.
A pesquisa foi realizada pela internet nos dias 9 e 10 de junho, após o resultado das eleições europeias, com uma amostra de 2.744 pessoas, maiores de idade e representativas da população francesa. A margem de erro é de 1 a 2,3 pontos.
França poderia ter um primeiro-ministro de 28 anos
O partido de extrema direita Reunião Nacional, liderado por Marine Le Pen, obteve 32% dos votos nas eleições europeias de domingo, com uma lista encabeçada por Jordan Bardella. O resultado é quase o dobro do alcançado pelo partido presidencial, levando o chefe de Estado Macron a dissolver a Assembleia Nacional e anunciar eleições legislativas a serem realizadas em 30 de junho e 7 de julho.
A decisão de Macron pode levar a extrema direita ao poder no país pela primeira vez por meio das urnas. Isso porque na França, se o partido do governo não obtém a maioria das cadeiras na Assembleia Nacional, o sistema de governo prevê a cohabitation (“coabitação” em tradução livre), ou seja, uma divisão do poder Executivo.
Neste caso, esse poder, exercido pelo presidente da República e pelo primeiro-ministro, é assumido por dois adversários políticos, escolhidos democraticamente. Essa situação ocorreu pela última vez em 1997, quando o conservador Jacques Chirac dissolveu a Assembleia, perdeu a maioria nas legislativas, e teve que dirigir o país ao lado do primeiro-ministro socialista Lionel Jospin.
Se esse cenário se reproduzir, Jordan Bardella poderia se tornar, aos 28 anos, primeiro-ministro da França.