Os materiais recolhidos até agora das águas do Atlântico pela Marinha brasileira não pertencem ao Airbus acidentado no domingo passado, segundo a FAB (Força Aérea Brasileira). Um helicóptero Lynx da Marinha retirou do mar, ontem (4), um suporte para cargas de 2,5 metros quadrados (chamado de pallet) e duas boias que, em princípio, pensava-se pertencerem ao avião. No entanto, as primeiras análises feitas com essas peças indicam que não são da aeronave.
“O pallet que foi achado não fazia parte da aeronave”, disse à imprensa o brigadeiro-general Ramón Borges Cardoso, diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo da FAB. O militar explicou que o suporte é de madeira e que os usados em aviões não são desse material, mas de alumínio. Pallets são suportes usados para levantar cargas em aviões, navios e caminhões.
“Até o momento nenhum pedaço da fuselagem foi recuperado”, informou o militar, que assinalou que o pallet recolhido hoje será levado a Recife e descartado como lixo. O brigadeiro não fez nenhum comentário sobre as duas boias que também foram tiradas da água pela Marinha.
O oficial ressaltou que os aviões da FAB detectaram pedaços do avião flutuando no mar, mas até agora nenhum deles pôde ser recolhido por navios porque as correntes marítimas os arrastam por quilômetros.
Quanto à chance se haver sobreviventes, o oficial disser ser quase nula. “Estamos com mais de 100 horas desde o acidente e cada vez é mais remota essa possibilidade de encontrar sobreviventes”, disse o general-brigadeiro. As tentativas de recolher partes da fuselagem do avião continuarão hoje.
Segundo o chefe da Força Aérea, as manchas de óleo avistadas na terça-feira pelo ar também não são da aeronave. “O combustível sim pode ser do avião. O que descartamos é o óleo, pois uma quantidade tão grande não é de um avião”, disse o oficial, que frisou que essa mancha pode ter sido deixada por alguma embarcação.
Em entrevista coletiva concedida na quarta-feira no Rio de Janeiro, Jobim afirmou que a concentração de óleo em uma mancha no Oceano Atlântico indicaria que o Airbus teria colidido contra a água e não se partido em pleno voo. “A existência de mancha de óleo pode eventualmente excluir uma explosão”, avaliou Jobim.
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Má notícia
O secretário francês de Transportes, Dominique Bussereau, pediu extrema prudência com a investigação. “Evidentemente, é uma má notícia, porque preferíamos que [os restos] fossem do avião e ter informações”, afirmou à rádio RTL. “É preciso fazer de tudo para recuperar as caixas-pretas e, claro, ampliar a zona para continuar a investigação”.
Bussereau acrescentou que as autoridades brasileiras “fornecem uma grande ajuda” e disse que “não se trata de criticar os que estão conosco na dor”.
Nas operações de busca participam também um avião de patrulha marítima P-3C Orion dos Estados Unidos e um Falcon 50 da França. A área de operações está próxima às ilhas de São Pedro e São Paulo, a cerca de 700 quilômetros do arquipélago de Fernando de Noronha e a quase 1.300 quilômetros de Recife. Nesta parte oceano a profundidade é de três ou quatro quilômetros.
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