As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) admitiram que tiveram responsabilidade na morte do governador colombiano de Caquetá Luis Francisco Cuéllar, sequestrado em 22 de dezembro para que fosse submetido a um “julgamento político” por seu suposto envolvimento em casos de corrupção.
Segundo as Farc, a morte só ocorreu por causa da ordem do governo central de resgate “a ferro e fogo”.
“Apesar dos evidentes vínculos do governador com o paramilitarismo, o objetivo da retenção não era matá-lo, nem fazer exigências econômicas, mas fazer um julgamento político por corrupção, por ter transformado o dolo e a prevaricação em peças-chaves de sua administração”, detalha o comunicado feito pelo chamado Bloco Sul das Farc, datado de 24 de dezembro e publicado nesta terça-feira (5) no site da “Agência de Notícias Nova Colômbia” (Anncol), que costuma veicular notas dos rebeldes.
O texto acrescenta que os atos de corrupção do governador chegavam ao ponto de descontar de cada um dos empregados cerca de 50 dólares de seus salários mensais para manutenção dos postos de trabalho. Para as Farc, a morte de Cuellár “é consequência direta da ordem dada por Álvaro Uribe (presidente do país) às forças militares do resgate a sangue e fogo”.
Sequestros
O “Bloco Sul” das Farc, porém, ratificou “a invariável determinação” dos comandantes da organização de libertar unilateralmente o sargento Pablo Emilio Moncayo, seu refém mais antigo, que está em poder desde dezembro de 1997, quando os guerrilheiros atacaram um centro de comunicações no sudoeste do país.
Em abril do ano passado, as Farc anunciaram que tinham a intenção de libertar Moncayo, e pouco depois ofereceram entregar também o soldado Josué Daniel Calvo e os restos do capitão Julián Guevara, morto na selva em 2006 após oito anos de sequestro.
A senadora de oposição Piedad Córdoba, que administra a libertação dos militares, anunciou que, apesar do otimismo da Igreja Católica, a libertação só aconteceria no final deste mês.
Reações
“Pretendem justificar com palavras absurdas um crime absurdo e injustificável”, disse à página eletrônica do diário El Tiempo o alto comissário para a Paz do governo colombiano, Frank Pearl.
Também em declarações ao El Tiempo, o diretor do semanário “VOZ” (de esquerda) e integrante da ONG Colombianos e Colombianas pela Paz, indicou que “o comunicado (das Farc) não muda nada do que já se disse”. Acrescentou que “o assassinato do senhor governador é um fato repudiável, independentemente das situações que querem dar como pretexto”.
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