O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou nesta quinta-feira (28/05) os Estados Unidos de estender sua jurisdição a outros países a fim de cumprir interesses próprios na operação que levou à detenção de executivos da Fifa, incluindo o ex-presidente da CBF José Maria Marin, realizada de forma surpreendente na quarta-feira (27/05).
EFE
“Infelizmente, nossos parceiros norte-americanos usam tais métodos para alcançar seus objetivos egoístas”, alfinetou Putin
Para o chefe do Kremlin, a operação liderada pelos norte-americanos é uma tentativa de impedir a reeleição de Joseph Blatter como presidente da entidade e a realização da Copa do Mundo na Rússia em 2018. “Não me restam dúvidas de que isto é uma grosseira violação dos princípios de funcionamento das organizações internacionais”, criticou.
“Talvez algum deles tenha violado alguma lei, não sei, mas o que é certo é que os Estados Unidos não têm qualquer relação com isto. Estes funcionários não são cidadãos norte-americanos. E se ocorreu algo, não foi em território dos EUA”, declarou hoje o líder russo.
Ao se questionar a respeito do direito dos EUA de pedir extradição dos dirigentes, Putin recordou os casos de perseguições consideradas “ilegais” ao presidente russo, conduzidas por Washington.
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Ele cita Edward Snowden — ex-agente da NSA (Agência Nacional de Segurança norte-americana), que revelou a espionagem em massa dos serviços secretos de sua nação e que obteve asilo na Rússia em 2013 — e também o caso do australiano Julian Assange, fundador do Wikileaks que é perseguido por vazar milhares de documentos secretos militares dos EUA e que está asilado na Embaixada do Equador em Londres há três anos.
A justificativa de Washington para a ação é que a lei norte-americana dá ao Departamento de Justiça autoridade para investigar estrangeiros que vivem no exterior caso estes tenham alguma ligação com o país. Esta conexão pode ser identificada a partir do uso de serviços de bancos ou até de provedores de internet norte-americanos.
No caso da investigação da cúpula da Fifa, as autoridades do país entenderam que foram cometidos e preparados três crimes nos Estados Unidos, com pagamentos realizados por meio de bancos americanos.
Apoio à reeleição de Blatter
Amanhã (29/05), a Fifa realizará as eleições para um novo presidente do órgão. O atual líder, Joseph Blatter, não está entre os acusados, mas ainda está sendo investigado por procuradores norte-americanos. Ele concorre ao seu quinto mandato consecutivo e tem, como único adversário no pleito, o príncipe da Jordânia, Ali Bin Al Hussein.
“Na minha opinião, na sexta-feira devem acontecer as eleições para a presidência da Fifa e o senhor Blatter tem todas as possibilidades de ser eleito. Também sabemos que ele sofreu muita pressão para proibir a realização do Mundial de Futebol de 2018 na Rússia”, disse o chefe do Kremlin.
Fotos:EFE
Blatter (esq.) e Ali bin Al-Hussein, príncipe da Jordânia: os dois disputam eleição para presidência da Fifa
Junto a Putin, o diretor da União de Futebol da Rússia, Nikolai Tolstykh, insistiu que seu país apoiará Blatter nas eleições à direção da entidade, “um presidente que fez muito pelo mundo do futebol”, garantiu.
Entenda o caso
Ontem, altos funcionários da Fifa foram presos pela polícia suíça sob acusação de corrupção a mando dos Estados Unidos. Eles estavam hospedados em um hotel de luxo em Zurique para participar de um encontro da associação na cidade.
Além das detenções, autoridades suíças também anunciaram a existência de uma investigação criminal na escolha das sedes das próximas duas Copas do Mundo: a prevista para 2018 na Rússia e para 2022, no Catar.