Forças curdas da Síria defendem apelo ao desarmamento apenas na Turquia: ‘não tem a ver conosco’
Comandante do grupo, Masloum Abdi saudou decisão tomada pelo líder do PKK, Abdullah Öcalan, afirmando que Ancara 'não terá desculpa' para seguir atacando seu grupo no território sírio
O comandante-chefe das Forças Democráticas da Síria (SDF), Masloum Abdi, declarou na quinta-feira (27/02) que o apelo histórico feito por Abdullah Öcalan, ordenando a dissolução do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e o abandono generalizado da luta armada contra a Turquia, governada por Recep Tayyip Erdogan, não se aplica ao grupo que ele lidera.
No comunicado lido por seus aliados do Partido Popular da Igualdade e da Democracia (DEM) durante uma coletiva, o líder do PKK disse que “todos os grupos devem depor as armas”, em possível referência a todas as ramificações da resistência curda, incluindo na Síria e no Irã.
Embora tenha deixado claro que a decisão tomada por Öcalan “não tem nada a ver conosco na Síria”, o comandante saudou o apelo afirmando que ele trará consequências positivas na região e que, se houver paz no Estado turco, “significa que não haverá desculpa da Turquia para continuar nos atacando na Síria”.
De acordo com a agência Reuters, o comentário de Abdi sinalizou que o anúncio de Öcalan não impactaria as SDF e manteria a sua presença armada, apesar da filiação do grupo curdo pelas Unidades de Proteção Popular (YPG), que compartilham com o PKK laços ideológicos sobre o confederalismo democrático, defendendo a autodeterminação dos povos. Vale lembrar que as SDF não fazem parte do PKK, embora a Turquia tenha repetidamente atacado a região, alegando que tais forças sírias, apoiadas pelos Estados Unidos, são uma ramificação do grupo de Öcalan.

Soldados do Exército dos EUA posam com soldados das Forças Democráticas da Síria enquanto realizam uma patrulha no nordeste da Síria
A relação com os EUA e o grupo de Abdi se deu depois que as SDF estabeleceram o controle sobre as áreas curdas do nordeste da Síria, após a eclosão da guerra civil síria em 2011. A parceria com Washington foi fortificada na luta contra o ISIS, o Estado Islâmico, recebendo apoio militar e logístico.
O novo governo da Síria, após a derrubada do então presidente Bashar al-Assad, é apoiado pela Turquia de Erdogan e pede que as SDF se juntem às forças de segurança do Estado. Abdi defende que seu grupo integre o novo Ministério da Defesa como um bloco, uma ideia que é rejeitada pela atual gestão.
