Quarta-feira, 26 de março de 2025
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O comandante-chefe das Forças Democráticas da Síria (SDF), Masloum Abdi, declarou na quinta-feira (27/02) que o apelo histórico feito por Abdullah Öcalan, ordenando a dissolução do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e o abandono generalizado da luta armada contra a Turquia, governada por Recep Tayyip Erdogan, não se aplica ao grupo que ele lidera.

No comunicado lido por seus aliados do Partido Popular da Igualdade e da Democracia (DEM) durante uma coletiva, o líder do PKK disse que “todos os grupos devem depor as armas”, em possível referência a todas as ramificações da resistência curda, incluindo na Síria e no Irã.

Embora tenha deixado claro que a decisão tomada por Öcalan “não tem nada a ver conosco na Síria”, o comandante saudou o apelo afirmando que ele trará consequências positivas na região e que, se houver paz no Estado turco, “significa que não haverá desculpa da Turquia para continuar nos atacando na Síria”.

De acordo com a agência Reuters, o comentário de Abdi sinalizou que o anúncio de Öcalan não impactaria as SDF e manteria a sua presença armada, apesar da filiação do grupo curdo pelas Unidades de Proteção Popular (YPG), que compartilham com o PKK laços ideológicos sobre o confederalismo democrático, defendendo a autodeterminação dos povos. Vale lembrar que as SDF não fazem parte do PKK, embora a Turquia tenha repetidamente atacado a região, alegando que tais forças sírias, apoiadas pelos Estados Unidos, são uma ramificação do grupo de Öcalan.

Wikimedia Commons/U.S. Army/Sgt. Keyona P. Smith
Soldados do Exército dos EUA posam com soldados das Forças Democráticas da Síria enquanto realizam uma patrulha no nordeste da Síria

A relação com os EUA e o grupo de Abdi se deu depois que as SDF estabeleceram o controle sobre as áreas curdas do nordeste da Síria, após a eclosão da guerra civil síria em 2011. A parceria com Washington foi fortificada na luta contra o ISIS, o Estado Islâmico, recebendo apoio militar e logístico.

O novo governo da Síria, após a derrubada do então presidente Bashar al-Assad, é apoiado pela Turquia de Erdogan e pede que as SDF se juntem às forças de segurança do Estado. Abdi defende que seu grupo integre o novo Ministério da Defesa como um bloco, uma ideia que é rejeitada pela atual gestão.