Ao menos três pessoas morreram nesta sexta-feira (28/01) em confrontos entre policiais e manifestantes no centro do Cairo. De acordo com a Agência Efe, os mortos são civis que participavam das manifestações ao redor da praça Tahrir, epicentro dos protestos políticos dos últimos dias e cercada desde a manhã pelas forças de segurança.
Os protestos, que estão se estendendo desde o meio-dia em diversos pontos do país, incluindo a cidade turística de Luxor, no sul do Egito, têm como objetivo forçar a saída do presidente Hosni Mubarak, no poder desde 1981.
No Cairo, policiais antichoque entraram em confronto com milhares de manifestantes nas ruas do Cairo, usando bombas de gás-lacrimogêneo e canhões d''água para dispersar a multidão, que respondeu atirando pedras, queimando pneus e montando barricadas. Pontes e estradas foram tomadas por manifestantes. Em Suez, manifestantes invadiram uma delegacia de polícia, roubaram armas e atearam fogo ao prédio. Choques também foram registrados na cidade de Alexandria.
A oposição afirma que autoridades egípcias bloquearam serviços de internet e telefones celulares, em uma tentativa de impedir ou dificultar a organização de novos protestos. O governo nega as informações. Há relatos de que centenas de líderes da oposição foram presos de madrugada. Ao menos dez pertenciam à organização Irmandade Islâmica, banida pelo governo.
A Irmandade Muçulmana, maior e mais organizado movimento oposicionista do país, endossou as manifestações desta sexta-feira, em comunicado divulgado em seu site no dia anterior. “O grupo irá participar na manifestação marcada, para se alcançar as demandas populares”, afirmou a Irmandade Muçulmana. Isso mostra uma mudança no comportamento do grupo, que, segundo analistas, pode mobilizar milhões de pessoas, mas até agora resistia a jogar seu peso institucional para apoiar os protestos.
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El Baradei
Há informações de que as autoridades egípcias detiveram o dirigente da oposição egípcia e prêmio nobel da paz Mohamed El Baradei, ide acordo com a a rede catariana de televisão Al Jazeera.
El Baradei estava nesta sexta-feira em uma mesquita do bairro de Giza, e quando tentou sair dela foi impedido pela Polícia, que também proibiu a saída do dirigente da oposição Ossama Ghazali.
O egípcio, que esteve ausente do país desde que começaram os protestos, na terça-feira passada, chegou ontem à noite ao Cairo, procedente de Viena. “Acho que este é um momento-chave para o futuro do Egito”, afirmou El Baradei em declarações aos jornalistas ao chegar a esta capital. “A mudança é inevitável (…). Não há volta atrás”, insistiu.
Repercussão
Em declaração ontem, o vice-presidente dos Estados Unidos – aliados do Egito – afirmou que o governo norte-americano não apoiava a deposição do presidente Mubarak.
Hoje, porém, a Casa Branca de pronunciou contra o corte nas telecounicações e internet no país africano. “Nós estamos preocupados com o fato de que os serviços de comunicação, incluindo a internet, a mídia social e até este tweet (mensagem breve) estejam sendo bloqueados no Egito”, escreveu o porta-voz do Departamento de Estado P.J. Crowley às 5h30 (horário do Cairo).
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, advertiu hoje o governo do Egito para o fato de que “a liberdade de expressão deve ser totalmente respeitada”. Falando em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial, Ban disse estar acompanhando atentamente os protestos na região.
O governo alemão, por meio de um porta-voz, afirmou que apoia os “esforços por mais democracia no Egito”. Questionado sobre se a Alemanha apoia os pedidos pelo fim do governo Mubarak, o funcionário recusou-se a comentar.
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