As eleições presidenciais na França acontecem neste domingo (23/04) em meio a novas tensões pela ameaça terrorista, intensificadas após o ataque desta quinta-feira (20/04) em Paris.
Na emblemática avenida Champs-Élysées, um homem atacou policiais a tiros e causou a morte de um deles, além de deixar outras três pessoas feridas. Ele foi morto pela polícia após o ataque e um segundo suspeito de ligação com o caso se apresentou à polícia da Antuérpia, na Bélgica, na sexta-feira (21/04).
As autoridades do país informaram que as forças de segurança se manterão mobilizadas, com mais de 50 mil oficiais escalados para a guarda deste fim de semana em todo o país.
A eles se somam os militares da operação Sentinela, ativada após os atentados de 2015 em Paris, além das brigadas de intervenção rápida que se manterão em alerta.
Agência Efe
Policiais patrulham arredores da Torre Eiffel, em Paris, neste sábado (22/04)
De acordo com o Ministério do Interior francês, as forças de segurança estão preparadas para garantir a proteção nos quase 67 mil colégios eleitorais que abrirão amanhã às 8h e fecharão às 19h (hora local, 3h e 14h em Brasília).
Os primeiros resultados devem ser anunciados por volta das 20h locais (15h em Brasília).
Quatro aspirantes presidenciais de diferentes tendências políticas aparecem muito próximos nas pesquisas de intenção de voto divulgadas nas últimas semanas, tornando este o pleito mais disputado das últimas décadas na França.
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Segundo as últimas pesquisas, a ultradireitista Marine Le Pen, o centrista Emmanuel Macron, o esquerdista Jean-Luc Mélenchon e o direitista François Fillon têm variado entre 20 e 23 pontos percentuais de intenção de voto. Dois destes candidatos devem passar para o segundo turno.
Le Pen e Macron apareceram como favoritos nas últimas pesquisas, mas, junto com Fillon, perderam terreno diante da surpreendente arremetida da Mélenchon, que chegou a 20% das intenções de voto.
Pesquisas indicam que a indecisão também é um fator importante a se considerar: cerca de 30% dos eleitores ainda se dizia indeciso sobre seu voto, o que pode se traduzir em uma surpresa no resultado final do primeiro turno, mas também em elevada abstenção.
De acordo com especialistas, uma baixa participação favoreceria Fillon e Le Pen, já que 80% de seus eleitores potenciais disseram estar convencidos de seus votos, enquanto um alto comparecimento às urnas poderia beneficiar Macron e Mélenchon.
Para analistas ouvidos pela Agência Efe, o ataque desta quinta-feira deve ter um impacto limitado nas eleições. A principal aposta é em um aumento no apoio a Le Pen e Fillon, que supostamente “encarnam melhor os valores da lei e da ordem” do que Macron ou os candidatos da esquerda Mélenchon e Benoît Hamon.
Jean Chiche, doutor em estatísticas matemáticas e especialista no comportamento eleitoral e em eleições, também acredita que se verão reforçados os candidatos considerados mais “autoritários”, como Le Pen e Fillon, embora o mais destacado será o impacto na participação.
“O índice de participação subirá. Haverá mais eleitores que decidirão a ir às urnas pela necessidade de fazer algo” perante o atentado, opinou Chiche.
De acordo com a última pesquisa, a participação no primeiro turno de 23 de abril deve ficar em torno de 73%, com uma abstenção de 27%.
*Com Prensa Latina e Agência Efe