'Frente à ameaça da extrema direita, respondemos com unidade, diálogo e esperança', afirma candidata vitoriosa nas primárias chilenas
Ex-ministra do Trabalho Jeannette Jara, representante do Partido Comunista (PC), disputará as eleições presidenciais em novembro pela coalizão Unidade por Chile
“Hoje começa um novo caminho que percorremos juntas e juntos, com a convicção de construir um Chile mais justo e democrático. Frente à ameaça da extrema direita, respondemos com unidade, diálogo e esperança”, declara a ex-ministra do Trabalho Jeannette Jara em sua conta na rede social X após vencer as eleições primárias.
Representante do Partido Comunista (PC), venceu as eleições da coalizão Unidade por Chile no domingo (29/06). Ela conquistou mais de 60% dos votos nas primárias. Jara será a candidata presidencial do campo progressista nas eleições de 16 de novembro no Chile. Após a confirmação do resultado agradeceu: “Obrigado a todas e todos que confiaram! Agora a seguir trabalhando”.
Em segundo lugar ficou a ex-ministra do Interior Carolina Tohá, que representava os partidos pela Democracia, Socialista, Radical e Liberal, com 28% dos votos. O deputado Gonzalo Winter, da Frente Ampla, terminou em terceiro lugar com 9% dos votos.
Sua candidatura representa um marco na política chilena por ser a primeira vez que uma representante do Partido Comunista liderará toda a centro-esquerda do país.
Durante seu discurso no comitê de campanha, Jara declarou: “Não quero um Chile subordinado a governos estrangeiros nem modelos externos, por isso manterei uma política internacional baseada na independência e no multilateralismo, defensora dos direitos humanos em qualquer lugar do mundo onde sejam violados, em linha com o que tem sido nossa tradição como Estado”.
A ex-ministra do Trabalho também afirmou que, se eleita, promoverá “relações de intercâmbio comercial com outras nações que nos beneficiem como país”. Jara reiterou que o Chile continuará sendo um “país livre, independente e soberano”.
Em sua fala também ressaltou a importância da eleição e que está “muito feliz com este resultado, porque foi muito importante que a centro-esquerda chilena tenha conseguido organizar uma primária”. “Aqui nos mobilizamos, convocamos e realizamos uma primária. Não para sermos escolhidos a portas fechadas”, acrescentou, criticando implicitamente o fracasso da campanha primária de direita.
O presidente chileno Gabriel Boric parabenizou a candidata em sua conta na rede social X: “Saúdo e abraço Jeannette Jara pelo tremendo apoio obtido hoje. Passa imediatamente a liderar as forças do progressismo para o futuro, que claramente a escolheu como líder. O que vem não será fácil, mas Jeannette sabe de batalhas difíceis”.
A concorrente Carolina Tohá declarou sua derrota, segundo o jornal espanhol El País, reafirmando o que “já dissemos muitas vezes: que estamos comprometidos com um pacto que cumpriremos, não apenas na forma, mas em substância. Jeannette Jara se torna a candidata de centro-esquerda, e trabalharemos lealmente para garantir que esta candidatura ofereça ao país o melhor projeto possível para competir com a direita”.

‘Manterei uma política internacional baseada na independência e no multilateralismo, defensora dos direitos humanos’ afirma Jeannette Jara em discurso após ganhar as primárias da esquerda chilena
@jeannettejararoman / Instagram
Eleições chilenas
As eleições presidenciais no Chile irão acontecer em 16 de novembro, o primeiro turno, e caso vá para o segundo turno é esperado que seja em 14 de dezembro.
Confirmados para a eleição presidencial deste ano já estão Evelyn Matthei, candidata do Chile Vamos, partido de direita tradicional, José Antonio Kast, líder do Partido Republicano, e Johannes Kayser, do Partido Libertário, todos de extrema direita. Franco Parisi, do Partido das Pessoas, também concorre pela direita.
Na esquerda, além de Jeannette Jara, três partidos de esquerda críticos ao governo de Boric vão concorrer: Eduardo Artés, pelo Partido da Ação Proletária; Félix González, do Partido Ecologista Verde; e Marco Enríquez-Ominami, do Partido Progressista.
Ximena Rincón, do Partido Democrata; e Harold Mayne-Nicholls, que concorre como independente, mas com o apoio do Partido Radical Social-Democrata, são considerados do centro chileno.
A empresa Cadem divulgou uma pesquisa (realizada antes das primárias) no domingo (29) sobre a especulação eleitoral: a participação espontânea de Kast subiu para 24% e a de Jara para 16% (ambos aumentaram cinco e três pontos, respectivamente), o que significa que eles avançariam para o segundo turno. Matthei com 10% em terceiro lugar, teve uma queda de nove pontos nas últimas quatro semanas. O economista foi ultrapassado pelo populista Franco Parisi, que obteve os mesmos 10%.
(*) Com teleSUR