Terça-feira, 17 de junho de 2025
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Os 700 fuzileiros navais dos Estados Unidos enviados pelo governo de Donald Trump para reprimir os protestos pró-imigrantes na Califórnia ao lado dos militares da Guarda Nacional chegaram em Los Angeles nesta terça-feira (10/06).

Os soldados foram destacados pelo governo republicano na última segunda-feira (09/06) da base do Marine Corps Air Ground Combat Center, em Twentynine Palms, na Califórnia. 

Segundo uma declaração de Bryn MacDonnell, alto funcionário do Pentágono, o envio de mais de quatro mil soldados da Guarda Nacional, mais os fuzileiros navais, para Los Angeles custará U$134 milhões (cerca de R$723 milhões).

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Em detalhe, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou que as tropas mobilizadas na Califórnia permanecerão em Los Angeles por 60 dias. 

Segundo a declaração da autoridade do governo Trump ao comitê da Câmara dos Representantes, citada pelo jornal britânico The Guardian, a medida tem como objetivo “garantir que os manifestantes, saqueadores e bandidos que atacam nossos policiais, saibam que não iremos a lugar nenhum”.

Já Trump, questionado sobre o período em que as Forças Armadas ficarão mobilizadas no estado, respondeu: “até que não haja mais perigo”, e chamou Newsom e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, de “incompetentes”, referindo-se à intensificação dos protestos.

“Se eu não tivesse enviado tropas para Los Angeles nas últimas três noites, aquela cidade, outrora bela e grandiosa, estaria agora em chamas, com 25 mil casas queimadas até o chão por causa de um governador e prefeita incompetentes”, escreveu o presidente norte-americano na rede social Truth.

Governador denuncia maus tratos do governo Trump às tropas

Em resposta, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, declarou que tais gastos com  tropas deveriam ser usados para a reconstrução de Los Angeles após os incêndios do último ano, e criticou o envio dos fuzileiros navais. 

“Os fuzileiros navais dos EUA serviram com honra em diversas guerras em defesa da democracia. Eles são heróis. Não deveriam ser enviados para solo [norte-]americano enfrentando seus próprios compatriotas para realizar a fantasia insana de um presidente ditatorial”, escreveu na rede social X. 

Protestos contra medidas federais que afetam milhares de imigrantes no país começaram em Los Angeles na última sexta-feira (06/06)
U.S. Northern Command/X

Em outra declaração, Newsom voltou a afirmar que os fuzileiros navais “não são peões políticos” e que isso “é um flagrante abuso de poder”, o qual será processado judicialmente pelo estado. “Os Tribunais e o Congresso precisam agir”, cobrou ainda. 

Por isso protocolou uma moção de emergência para bloquear “o envio ilegal” dos fuzileiros navais e da Guarda Nacional para Los Angeles.

O governador contrariou ainda uma declaração de Trump dizendo que teriam conversado pela última vez na segunda-feira (09/06). “Não houve nenhuma ligação. Nem mesmo uma mensagem de voz. Os [norte-]americanos deveriam ficar alarmados porque um presidente que envia fuzileiros navais para nossas ruas nem sabe com quem está falando”.

Newsom também denuncia que o governo Trump enviou as tropas a Los Angeles sem nenhum tipo de apoio.  “Vocês enviaram suas tropas para cá sem combustível, comida, água ou um lugar para dormir.. Aqui estão eles — sendo forçados a dormir no chão, empilhados uns sobre os outros. Se alguém está tratando nossas tropas desrespeitosamente, é você Donald Trump”, afirmou.

O político democrata concluiu dizendo que a mobilização “não se trata de segurança pública”, mas sim “de alimentar o ego de um presidente perigoso”. “Isso é imprudente. Sem sentido. É desrespeitoso com nossas tropas”, concluiu. 

Ilegalidade

Nos Estados Unidos, a legislação federal proíbe o uso das Forças Armadas — incluindo Exército, Marinha, Força Aérea e Fuzileiros Navais — em operações de segurança pública em solo nacional. A norma, porém, não se aplica à Guarda Nacional sob comando estadual.

No entanto, no domingo (08/06), Trump assinou uma ordem delegando ao Comando Norte das Forças Armadas dos EUA o controle das tropas da Guarda Nacional na Califórnia, com a determinação de enviar ao menos dois mil militares à região. O presidente ainda autorizou seu secretário de Defesa, Pete Hegseth, a empregar “outros membros das Forças Armadas regulares, conforme necessário”.

Newsom reagiu imediatamente, classificando na última segunda-feira (09/06) a ordem como “ilegal” e exigindo sua revogação. O governador alertou que a presença militar só agravaria as tensões e anunciou o primeiro processo da Califórnia contra o governo federal.

Durante evento na Casa Branca, Trump defendeu a intervenção ao alegar que as autoridades da Califórnia estavam “sobrecarregadas” e afirmou estar preparado para enviar ainda mais tropas. “Precisamos garantir que haverá lei e ordem”, declarou.

Ainda no mesmo dia, o presidente sugeriu a possibilidade de prender Newsom por sua atuação na crise. Ao ser instado a explicar a acusação, Trump disparou: “o crime dele é concorrer ao governo, porque ele está fazendo um trabalho péssimo”.

Os protestos contra as medidas federais que afetam milhares de imigrantes no país começaram em Los Angeles na última sexta-feira (06/06) e na segunda-feira (09/06) se espalharam por outras cidades norte-americanas, como Atlanta, Seattle, Dallas, Louisville, Nova York, e São Francisco, onde ao menos 150 manifestantes foram detidos na última segunda-feira, segundo a CNN.

(*) Com Ansa, Brasil247 e informações de The Guardian