Joseph Aoun, comandante-chefe do Exército do Líbano, foi eleito presidente do país em votação no Parlamento nesta quinta-feira (09/01), encerrando mais de dois anos sem ter um chefe de Estado em exercício.
“O presidente [do Parlamento] anuncia que o presidente [do país] é Joseph Aoun”, declarou Nabih Berri, chefe do Parlamento libanês informando que o militar recebeu 99 dos 128 votos no segundo turno da votação na Câmara, quando eram necessários apenas 65.
Na primeira votação, que exigia maioria qualificada de dois terços (86), o militar teve o apoio de 71 deputados, enquanto os 30 parlamentares do Hezbollah e do Movimento Amal votaram em branco. Mas uma reunião entre representantes dos dois partidos xiitas e o comandante do Exército mudou a situação, garantindo a Aoun a maioria necessária.
O general, que completa 61 anos na próxima sexta-feira (10/01), não tem experiência anterior como político. Mas sucede o presidente Michel Aoun, com quem não tem parentesco, e põe fim ao governo provisório do Conselho de Ministros, que exerce a função de presidente desde 31 de outubro de 2022 para governar o país em um mandato de seis anos.
Desde a saída de Michel, o Parlamento do Líbano realizou outras 12 tentativas de eleger um novo presidente da República, todas entre o fim de 2022 e o início de 2023, sem conseguir chegar a um acordo.
“Nova fase no Líbano”
Em seu primeiro discurso após ser eleito chefe do país, o novo presidente do Líbano disse que o país “entra em uma nova fase”. “Hoje, começa uma nova fase na história do Líbano”, disse Aoun aos legisladores após ser empossado imediatamente após sua eleição.
Referindo-se a Israel, com quem o Líbano vive uma trégua de 60 dias desde 27 de novembro, após intensos ataques envolvendo o Hezbollah, o presidente do Líbano prometeu respeitar a trégua com Tel Aviv e trabalhar para remover a “ocupação israelense”. Os ataques israelenses causaram grande destruição em cidades libanesas, incluindo a capital Beirute e atingiram civis indiscriminadamente.
O novo mandatário também prometeu que o Estado libanês terá “o monopólio” das armas, referindo-se ao conflito entre Israel e Hezbollah, o grupo de resistência muçulmano do país. Aoun ainda acrescentou que pediria “consultas parlamentares rápidas” para nomear um novo primeiro-ministro.
Aoun é um cristão maronita e deve nomear um muçulmano sunita para o cargo de premiê, reflexo da Constituição de 1926 do país e o Pacto Nacional de 1943, ao fim da Guerra Civil, quando foi acordado que os principais cargos seriam distribuídos de acordo com as linhas étnicas presentes no país.
Reações
A embaixada do Irã em Beirute saudou a eleição de Joseph Aoun como presidente libanês, expressando esperanças de uma estreita cooperação entre os dois países. “Parabenizamos o irmão Líbano pela eleição do General Joseph Aoun”, disse a embaixada em um comunicado publicado na rede social X, acrescentando que as autoridades do país estão “ansiosas para trabalhar e cooperar em diferentes campos de uma forma que sirva aos interesses comuns dos países”.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, também cumprimentou a eleição do chefe do exército libanês, expressando esperança de que isso ajude a alcançar a estabilidade na região.
“Espero que essa escolha contribua para a estabilidade, um futuro melhor para o Líbano e seu povo e para boas relações de vizinhança”, disse Saar, cujo país esteve em guerra com o grupo armado libanês Hezbollah até o final do ano passado, no X.
(*) Com Brasil de Fato e Ansa.