Quinta-feira, 10 de julho de 2025
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A boa gestão da crise econômica é a chave principal para a popularidade da presidente Michelle Bachelet, que tem aprovação de 73% da população a três meses antes do fim do mandato, uma situação inédita no Chile. 

No final de 2008, o Chile foi uma das primeiras vítimas da crise financeira, devido a sua grande dependência das exportações de matéria-prima. Durante os três primeiros trimestres do ano, todos os indicadores econômicos ficaram no vermelho. As exportações colapsaram, as receitas fiscais caíram 30%, o desemprego explodiu e as aposentadorias, geridas por fundos de investimento, diminuíram.  

Em janeiro de 2009, os donos do Costanera Center, um complexo imobiliário gigantesco no centro de Santiago que pretende construir o mais alto arranha-céu da América Latina (300 metros), anunciaram que as obras seriam paralisadas por um “período indefinido”. Mais de 2 mil trabalhadores ficaram desempregados. O prédio inacabado virou o símbolo da crise. Pela primeira vez na década, o Chile mergulhou na recessão.

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A reação do governo foi rápida. Michelle Bachelet ordenou uma política econômica contra-cíclica bastante agressiva. A taxa de juros do Banco Central passou de 8,5% para 0,5% entre janeiro e agosto, a maior redução no mundo. Paralelamente, bancos foram recapitalizados, para tentar reanimar o crédito.

O superávit fiscal do ano anterior foi esquecido e substituído  por um déficit de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Os gastos públicos cresceram 20% em relação a 2008. Outro eixo da estratégia econômica foi o apoio às empresas da construção civil, para salvar os postos de trabalho. O Estado ofereceu um financiamento para quem estivesse disposto a construir moradias a baixo custo para os mais pobres.  

No entanto, estas medidas não significaram um aumento da dívida. Michelle Bachelet tinha à  disposição 22 bilhões de dólares (13% do PIB) dos fundos de estabilização econômica e social acumulados entre 2006 e 2008, quando o preço do cobre, a principal riqueza do país, bateu todos os recordes.

Paralelamente às políticas para incentivar a oferta econômica, o governo procurou manter o consumo das classes médias baixas e pobres. Bachelet decretou o pagamento, duas vezes neste ano, de um subsídio de 50 mil pesos (173 reais) por criança em cada família. “É como receber um presente do céu, especialmente para as mulheres chefes de família. Os mais pobres são extremamente gratos”, afirma a analista política Marta Lagos. 

A ajuda contribuiu para a recuperação da confiança e do consumo. Com o recente aumento do preço do cobre, o Chile deverá voltar a crescer em 2010. Na semana passada, uma bandeira chilena de vinte metros foi pendurada em uma das fachadas do Costanera Center, com o lema “Arriba Chile!”, anunciando que as obras do prédio, tal como o país, seguiam adiante. Para os habitantes de Santiago, é o sinal de que a crise acabou.

Gestão da crise econômica foi vitrine da presidente chilena

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