O último dia 12 de julho não significou somente o fim do toque de recolher em Honduras. Na madrugada de domingo (12), um grupo de policiais ingressou no hotel Clarion – onde eu me hospedava –, vestindo toucas pretas na cabeça, com o objetivo claro de levar jornalistas.
Estavam em busca particularmente de repórteres venezuelanos das empresas Telesur e VTV, que estavam no local, próximo à Casa Presidencial.
Quando amanheceu, nenhum jornalista estrangeiro estava autorizado a sair do hotel. Depois, sem qualquer explicação da polícia, profissionais venezuelanos, chilenos, colombianos e italianos [dentre eles o repórter do Opera Mundi, de origem italiana], foram detidos.
Um dos oficiais, Napoleon Nasser, afirmou que se tratava de um controle da policia migratória, pois haviam recebido a informação de que uma possível ameaça terrorista estava em curso.
Em outros hotéis onde também se hospedavam jornalistas estrangeiros, mas nenhum venezuelano, nada aconteceu. Nenhum policial se aproximou.
Os jornalistas da Venezuela foram acompanhados até a fronteira com a Nicarágua por um grupo de policiais, conhecidos como “Cobras de Honduras” e por algumas organizações de direitos humanos.
Fui solto graças à intervenção de um funcionário da embaixada italiana em Honduras, fato, de acordo com as palavras do oficial hondurenho Napoleon Nasser, “completamente fora das regras, mas possível devido à amizade entre a embaixada italiana e Honduras”. Nasser insistiu para que os demais jornalistas estrangeiros não soubessem da “mini-negociação”, assim se evitariam protestos pela diferença de tratamento.
Por um lado o governo golpista de Roberto Micheletti trata de convencer o povo hondurenho que tudo voltou à normalidade, com o fim do toque de recolher, mas ao mesmo tempo, ordena que a polícia expulse todos os meios de comunicação do país.
Tegucigalpa é hoje uma cidade normal da América Central, se pode sair à noite e não há mais lembranças incômodas que remetam ao golpe de Estado de 28 de junho.
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