Governo Arce acusa Evo Morales de suposto crime de ‘terrorismo’
Ex-presidente reagiu pedindo a seguidores que mantenham mobilização contra mandatário: ‘Bolívia precisa de soluções, não de perseguição’
O Governo da Bolívia anunciou nesta quinta-feira (05/06) que apresentará uma denúncia criminal contra o ex-presidente Evo Morales (2006-2019) pela suposta prática de sete crimes relacionados aos protestos realizados por seguidores do partido Evo Pueblo nas últimas semanas.
Desde meados de maio, os evistas têm se mobilizado em defesa da derrubada da decisão judicial que impede a candidatura do ex-presidente nas eleições presidenciais no país andino, que estão marcadas para o segundo semestre deste ano.
Na ação judicial, o governo alega que Morares teria “incitado atos de terrorismo” contra o governo do presidente Luis Arce.
A medida foi apresentada em uma coletiva em conjunto com os ministros César Siles (Justiça) e Roberto Ríos (Governo), que indicaram haver evidências que vinculam Morales a uma estratégia “desenhada para desestabilizar a ordem democrática”.
Entre os crimes imputados a Morales estão: terrorismo – por promover atos que geram terror na população por meio de ameaças e escassez de suprimentos – incitação pública à prática de crime, desobediência a resoluções constitucionais, atentado à liberdade de trabalho, atentado a meios de transporte, atentado a serviços públicos, ao interromper serviços essenciais e obstrução de processos eleitorais.
Segundo o ministro Ríos, “a batalha final de Evo Morales não é contra o governo, mas contra o povo boliviano”.

Reprodução / @evoespueblo
‘Bolívia não precisa de perseguição’
Em resposta ao anúncio do governo, Morales publicou uma mensagem em suas redes sociais dizendo que “um novo caso se soma aos treze que o governo Arce abriu contra mim nos últimos meses”, e em seguida questionou: “isso resolverá a escassez de combustível que assola trabalhadores do transporte e famílias inteiras há dois anos? Ou a inflação que está elevando os preços dos alimentos e causando fome entre o nosso povo?”
“Eles estão tentando me silenciar como se isso fosse amenizar a dor das mães que fazem fila para comprar um litro de óleo de cozinha ou um quilo de arroz, eles estão perseguindo Evo, como se isso fosse restaurar a estabilidade do setor produtivo quando não há combustível nem dólares”, acrescentou o ex-mandatário.
Ao concluir, Evo afirmou que “a Bolívia precisa de soluções, não de perseguição”.
“Isso não é um ataque a uma pessoa, é uma ameaça às pessoas que estão se organizando e levantando suas vozes. Pactos com a direita não trarão estabilidade, apenas mais crise”, acrescentou.
