Terça-feira, 10 de junho de 2025
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O governo da Bolívia emitiu um comunicado nesta sexta-feira (16/05) acusando o ex-presidente Evo Morales (2016-2019) de tentar “desestabilizar o país”, devido à marcha promovida por seus apoiadores, que saíram das regiões indígenas e rumam em direção a La Paz, onde pretendem protestar contra a decisão do Tribunal Eleitoral que impede sua candidatura nas eleições presidenciais deste ano.

Segundo o ministro de Governo Eduardo del Castillo, porta-voz do presidente Luis Arce, a marcha evista estaria “provocando riscos à institucionalidade”. O funcionário alega que o setor ligado a Evo presente “forçar a suspensão das eleições”.

Evo está inelegível, por decisão do Tribunal Constitucional Plurinacional da Bolívia (TCP), que considera que o ex-mandatário já alcançou o limite de mandatos permitidos – foram quatro ao total, embora o último tenha sido interrompido por um golpe de Estado, dias depois de ele assumir, após vencer as eleições de outubro de 2019.

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O ministro também lembrou que Morales é alvo de um mandado de prisão, dentro de um processo no qual ele é acusado de, supostamente, ter abusado sexualmente de uma menor de idade, no ano de 2015.

A defesa do ex-presidente lembra que o caso já foi investigado e que o processo, concluído em 2019, terminou com Evo sendo inocentado. Por isso, reclama que o atual governo pressionou o Judiciário para reabrir o processo, com o intuito de tirá-lo da disputa eleitoral.

As eleições presidenciais na Bolívia têm seu primeiro turno marcado para o dia 17 de agosto. Caso seja necessário um segundo turno, ele acontecerá em 19 de outubro.

Marcha pró Evo

A mobilização dos setores indígenas em favor de Evo Morales teve início na cidade de Parotani, na província de Cochabamba, principal reduto político do ex-mandatário, na região central do país.

No momento, os partidários de Evo se encontram em El Alto, cidade próxima a La Paz e uma das mais populosas do país, onde também há uma grande comunidade indígena.

Milhares de bolivianos e bolivianas marcham em direção a La Paz, para apoiar candidatura de Evo Morales
Dico Solís / Evo Pueblo

 

Vários participantes foram presos durante a caravana. A polícia boliviana alega que deteve pessoas que estariam transportando objetos considerados “material de guerra”.

Os evistas asseguram que os materiais apreendidos eram mastros de bandeiras e ferramentas para produzir esse material de apoio à causa, incluindo também faixas e cartazes.

Esquerda sem unidade

Em uma publicação em suas redes sociais, Morales disse que a marcha reúne “ativistas leais ao verdadeiro instrumento político do processo de mudança para construir a unidade e enfrentar o verdadeiro inimigo do povo boliviano”.

O ex-presidente rechaçou a oferta de Arce, que anunciou dias atrás que não concorrerá à reeleição nas eleições deste ano, e pediu a Evo que tomasse a mesma iniciativa, para que seus dois setores políticos pudessem competir no pleito em uma aliança estratégica.

“A unidade não pode ser forjada com aqueles que traíram o povo e executaram um plano de perseguição, ódio, racismo e discriminação contra seus próprios colegas e eleitores que os levaram ao poder”, argumento Evo.

O ex-presidente acrescentou que o governo de Arce “criminalizou os protestos sociais, conduziu uma administração desastrosa, deixando o povo faminto e destruindo a estabilidade e o crescimento econômico que alcançamos durante nosso mandato”.

“A unidade do bloco indígena jamais será possível com aqueles que cometeram nepotismo, tráfico de influência e corrupção com recursos do Estado. Não pode haver unidade com o pior governo do nosso continente”, concluiu Morales.

 

Com informações de La Razón e TeleSur.