Por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro classificou a ação militar como uma “mobilização irregular das tropas do Exército boliviano” e “clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”.
O documento ainda manifesta “seu apoio e solidariedade” ao presidente da Bolívia, Luis Arce, a seu governo e ao povo do país vizinho.
Em relação aos brasileiros na Bolívia, o Itamaraty declarou estar “atento” à situação dos cidadãos e disponibilizou telefones de emergência para casos de repatriações.
O governo Lula ainda garantiu que estará “em interlocução permanente” com as autoridades de La Paz e dos demais governos sul-americanos para “rechaçar essa grave violação da ordem constitucional e reafirmar seu compromisso com a plena vigência da democracia na região”.
Tentativa de golpe
O ex-comandante do Exército boliviano Juan José Zúñiga liderou uma tentativa de golpe nesta quarta-feira (26/06) contra o governo de Luis Arce. Com tanques grupos militares armados, os golpistas cercaram a Praça Murillo em La Paz, local no qual está situado o Palácio Presidencial do país.
No dia anterior, Zúñiga foi afastado do cargo que ocupava desde 2022 após ameaçar Evo Morales por se opor a uma possível candidatura do ex-presidente para a disputa das eleições de 2025.
Zúñiga e os militares invadiram o prédio falando em ‘recuperar a Pátria’.
Após esse primeiro momento, Arce denunciou uma “mobilização irregular de algumas unidades do Exército Boliviano”, enquanto Morales afirmou que os militares estavam “se preparando um golpe de Estado”.
A tentativa foi frustrada após Arce encarar o ex-general e dar posse a novos comandantes militares, sendo eles: José Wilson Sánchez Velasquez, no Exército; Gerardo Zabala Alvarez, na Força Aérea, e Wilson Ramírez, na Marinha.
Durante seu pronunciamento logo após a posse, o novo comandante do Exército, Sánchez Velasquez, ordenou que as tropas mobilizadas nas ruas durante o golpe voltassem imediatamente aos quartéis, o que foi cumprido pelos soldados que, minutos antes, estavam obedecendo a Zúñiga.
Por usa vez, o presidente Arce agradeceu aos bolivianos que se mobilizaram para rechaçar o golpe.
Leia nota na íntegra:
Condenação brasileira à tentativa de golpe na Bolívia
O Governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país.
O Governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao Presidente Luis Arce e ao Governo e povo bolivianos. Nesse contexto, estará em interlocução permanente com as autoridades legítimas bolivianas e com os Governos dos demais países da América do Sul no sentido de rechaçar essa grave violação da ordem constitucional na Bolívia e reafirmar seu compromisso com a plena vigência da democracia na região. Esses fatos são incompatíveis com os compromissos da Bolívia perante o MERCOSUL, sob a égide do Protocolo de Ushuaia.