O ministro brasileiro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, reforçou nesta segunda-feira (25/11) seu endosso à reação dos frigoríficos nacionais em suspender o fornecimento de carne ao Grupo Carrefour no Brasil.
Na semana passada, o CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, anunciou que a rede varejista deixará de comercializar carnes originárias dos países que compõem o Mercosul – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai –, justificando a medida como um apoio aos agricultores franceses. O órgão ainda descreveu a decisão como “o risco de o mercado francês ser inundado com carne que não atende às suas exigências e normas”.
Em resposta, frigoríficos brasileiros suspenderam imediatamente a venda de carnes ao Grupo Carrefour no Brasil, que inclui as redes Carrefour, Atacadão e Sam’s Club, uma vez que as empresas que fornecem o recurso para a França são as mesmas que fornecem para o território nacional.
Em entrevista à Globonews, Fávaro repudiou “a forma com que o CEO (francês) do Carrefour tratou” o Brasil.
“Não é pelo boicote econômico. O problema é a forma com que o CEO do Carrefour tratou. O primeiro parágrafo da carta, da manifestação dele que fala com relação à qualidade sanitária das carnes brasileiras, que é inadmissível falar”, afirmou o ministro. No dia anterior, em entrevista ao canal Globo Rural, tinha chegado a comentar que o Brasil não é uma “colônia” da nação europeia.
“A França compra carne do Brasil há quarenta anos, só agora que ele foi detectar isso? Então é um absurdo, ainda mais querer fazer barreira comercial (…) Eu estou feliz com a atitude dos nossos fornecedores. Se para o povo francês o Carrefour não serve para comprar carne brasileira, o Carrefour também não compre carne brasileira para colocar nas suas lojas aqui no Brasil”, acrescentou.
No domingo (24/11), Fávaro parabenizou o boicote e revelou que “o presidente Lula soube da ação e gostou”.
“Trata-se de soberania. Eles (franceses) se acham a última bolacha do pacote”, comentou. “Portanto, foi uma atitude bonita deles (frigoríficos brasileiros). Se não podem fornecer para o Carrefour francês, também não vão fornecer para o Carrefour brasileiro”.
Recentemente, Fávaro já havia dito que existe uma “ação orquestrada, com o objetivo de ferir a soberania, querendo arrumar um pretexto para a França não assinar o acordo Mercosul-UE”.
(*) Com Ansa