O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou nesta sexta-feira (8) a desvalorização do bolívar, que passará de 2,15 por dólar a 2,60 para setores prioritários, como saúde e alimentação, mas será cotado a 4,30 bolívares para artigos não considerados de primeira necessidade.
Segundo o presidente, saúde, alimentos, máquinas, livros, artigos tecnológicos e todas as importações do setor público, além das remessas para o exterior, estarão sujeitos ao câmbio de 2,60 bolívares por dólar. Já artigos como automóveis, telecomunicações, fumo, bebidas, produtos químicos, petroquímicos e eletrônicos terão uma taxa de câmbio de 4,30 bolívares por dólar.
Na Venezuela, desde 2005 o dólar era cotado ao câmbio oficial de 2,15 bolívares, apesar da moeda norte-americana ter disparado no paralelo há meses.
Na mensagem à nação, Chávez destacou que o controle do câmbio será mantido, e que “tudo se fará de maneira planejada para favorecer a economia nacional, que está orientada ao social e em benefício de toda a coletividade”.
Para fortalecer e proteger a economia venezuelana, Chávez anunciou ainda a criação de fundos especiais de fomento às exportações e estímulo a substituição das importações. O presidente garantiu que o governo e o Banco Central vão “intervir” no mercado de câmbio para evitar “o manejo especulativo das divisas”, além de vigiar as importações.
No primeiro semestre de 2009, a queda no fluxo de dólares procedentes do petróleo, um produto fundamental da economia venezuelana, levou à redução da venda da moeda norte-americana ao câmbio oficial para importadores e cidadãos.
Mercado paralelo
A situação levou muitos venezuelanos a recorrer ao chamado “dólar permuta”, uma taxa de cambio extra-oficial permitida pelo governo, na qual dólar vale muito mais do que no câmbio oficial.
Especialistas ouvidos pela AFP calculam que nos últimos meses ao menos 70% dos produtos que entraram na Venezuela, país muito dependente das importações, foram comprados com dólar procedente do mercado paralelo. Para os mesmos especialistas, uma desvalorização do dólar extra-oficial já vigora na Venezuela há algum tempo.
A redução oficial do valor do bolívar a partir de agora implicará no encarecimento das importações, mas Chávez aposta em suportar melhor a carga com a recuperação dos preços do petróleo no mercado internacional.
A Venezuela tem a inflação mais alta da América Latina, que atingiu 25,1% em 2009, e prevê um aumento de preços superior a 20% em 2010. O governo estima que o país crescerá 0,5% em 2010, após sofrer uma queda de 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado, o que acabou com cinco anos de crescimento.
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