O Congresso hondurenho deu início ao processo de retirada da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas), após pedido feito pelo governo golpista chefiado por Roberto Micheletti.
Em entrevista coletiva, o ministro da Presidência do governo golpista, Rafael Pineda, disse que a decisão de renunciar ao tratado de adesão à Alba foi tomada porque “alguns países dessa organização não tiveram [com Honduras] o tratamento respeitoso que corresponde a um país”.
Segundo Pineda, a Venezuela “ameaçou invadir Honduras” após a deposição de Manuel Zelaya.
Pineda, que foi ministro da Educação do governo de Zelaya, afirmou que a saída da Alba não significa suspender relações comerciais com os países que formam o bloco – liderado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e composto por Bolívia, Cuba, Equador, Nicarágua, Venezuela, Dominica, Antígua e Barbuda e São Vicente e Granadinas.
Apesar do desligamento, o governo golpista hondurenho acredita que serão mantidas as relações com a Petrocaribe, por meio das quais Honduras, durante o governo de Zelaya, começou a comprar combustíveis da Venezuela por crédito, além de receber cooperação para diversos projetos sociais.
Descontentamento
Honduras se tornou membro da Alba em 2008, sob o governo de Zelaya. Como a Alba é uma aliança de países com governos latino-americanos alinhados à esquerda, grande parte do então governo condenou fortemente o fato de o país se integrar à aliança. Fatos como acordos com a Petrocaribe e ingresso na Alba contribuíram para a perda de apoio da base de Zelaya, já que ele havia sido eleito por um partido conservador.
Na época da adesão, o Congresso hondurenho aprovou o ingresso à Alba por maioria simples, com os votos das bancadas dos partidos Liberal (governista), Unificação Democrática (esquerda), Inovação e Unidade-Social Democrata (PINU-SD) e a Democracia Cristã, que juntos somam 73 votos. A bancada do Partido Nacional, com 55 deputados, se absteve.
Desvio de verbas
Ao saber da intenção hondurenha de deixar a Alba, Zelaya afirmou que Micheletti fez mau uso de mais de 100 milhões de dólares, provenientes da Petrocaribe e da Alba.
“São mais de 100 milhões de dólares provenientes da Alba e da Petrocaribe que Roberto Micheletti gastou e desviou para suas próprias intenções como governo golpista”, disse Zelaya em entrevista feita por telefone à agência de notícias espanhola EFE, de dentro da embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
“É um ato de soberba, porque utilizaram o dinheiro da Petrocaribe e da Alba, tratado que ele (Micheletti) mesmo aprovou”, quando era presidente do Congresso, ressaltou o presidente deposto.
Zelaya acrescentou que a decisão anunciada por Micheletti “é insolente, porque está negando aos pobres uma cooperação que estava conseguindo com Hugo Chávez”.
Comissão
Para analisar a saída do país do bloco, foi nomeada uma comissão formada por sete deputados: Manuel Iván Fiallos, Ramón Velásquez Názar, Antonio Rivera Callejas, Víctor Sabillón, Toribio Aguilera, Rolando Dubón e Ricardo Rodríguez.
O pedido para a retirada do país da Alba foi divulgado um dia depois de uma reunião entre Micheletti e o presidente eleito no dia 29, Porfirio Lobo. Os dois conversaram sobre uma possível anistia para os crimes políticos cometidos a partir do golpe de Estado que depôs Zelaya, no dia 28 de junho.
Na cúpula realizada recentemente em Havana, a Alba reiterou a total rejeição ao governo golpista de Honduras e pediu a restituição de Manuel Zelaya ao poder, desconhecendo as eleições, por terem sido organizadas sob uma ditadura.
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