Sábado, 21 de junho de 2025
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O governo da Argentina publicou na última sexta-feira (06/05) no Boletim Oficial do país o fechamento do GEAJ (Grupo Especializado de Assistência Judicial), que integrava o Ministério de Segurança e era responsável pela colaboração em extrair amostras de DNA e pela investigação da identidade de bebês sequestrados durante a ditadura militar (1976-1983).

Aline Gatto Boueri/Opera Mundi

Responsável por atuar nas amostras de DNA, grupo do Ministério de Segurança foi desarticulado

A publicação indica a nova estrutura do Ministério de Segurança, que exclui a Direção de Direitos Humanos, da qual o GEAJ, que foi criado em 2009, fazia parte. A medida gerou críticas da ONG Avós da Praça de Maio, que há décadas trabalha para encontrar e identificar crianças sequestradas durante a ditadura e denunciou o que classificou como “esvaziamento” promovido pela ministra de Segurança, Patricia Bullrich, das áreas que sustentam as políticas de direitos humanos do país.

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“As decisões tomadas no âmbito do Ministério de Segurança implicam um grave retrocesso nos padrões alcançados pelo Estado em matéria de investigação e julgamento de crimes de lesa-humanidade”, declarou a organização por meio de um comunicado.
 

Avós da Praça de Maio criticaram 'grave retrocesso' e disseram que vão denunciar governo na Corte Interamericana de Direitos Humanos caso medida não seja revertida

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As Avós fizeram um apelo para que o presidente da Argentina, Mauricio Macri, reverta a medida que atribuíram à ministra. “Caso contrário, denunciaremos na Comissão Interamericana de Direitos Humanos o governo nacional pelo descumprimento do acordo de solução amistosa do ano de 2009”.

“Não é que se deixa de buscar os netos. Essa é uma tarefa de toda a sociedade, mas esse grupo deixar de funcionar afeta a investigação”, disse Pedro Lachener, advogado das Avós, ao jornal argentino Tiempo.

“Há meses nós notávamos que a área não estava funcionando bem. Argumentavam com desculpas de sobrecarga de trabalho e ontem [06/05] acordamos com a notícia. Esse grupo especial se põe em funcionamento quando as amostras não podem ser tomadas de maneira voluntária e faz falta uma intervenção de pessoas especializadas para as vítimas”, disse Lachener.

Até o momento, o governo da Argentina não se manifestou publicamente sobre o caso.