Setenta membros de uma seita islâmica foram encontrados vivendo em um bunker subterrâneo sem luz solar ou aquecimento na periferia de Kazan, na Rússia, informaram promotores citados por jornais internacionais nesta quinta-feira (09/08). A construção ilegal, de mais de oito andares, foi descoberta pela polícia russa na semana passada em uma investigação sobre o assassinato de um clérigo muçulmano no país.
A história teve início há mais de uma década quando Faizrakhman Satarov afirmou ter uma “visão de Deus” e proclamou uma “república islâmica independente”, que não poderia se relacionar com a sociedade. Dezenas de pessoas passaram a seguir o líder religioso e recomeçaram suas vidas no mundo subterrâneo da seita.
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Poucos integrantes deixavam a propriedade e os outros não saiam nem mesmo para ir ao hospital. Entre as 27 crianças e adolescentes da seita, alguns nunca chegaram a ver a luz do dia, recebendo educação dentro da comunidade. Todos os seguidores foram desalojados por autoridades russas na última semana.
“Elas estão nutridas, mas chegaram aqui sujas, então tivemos que lhes dar banho”, contou a pediatra Tatyana Moroz, que também informou a gravidez de uma garota de 17 anos. Desde que foram encontradas, as crianças permanecem abrigadas em um orfanato, já que seus pais enfrentam denúncias por negligência e abuso infantil pela promotoria russa. O líder da seita, com 83 anos, também é alvo de acusações por negligência, como informou o órgão estatal nesta quarta-feira (08/08).
A casa subterrânea será demolida, informou a polícia local citada pelo diário The Guardian. “Eles virão com escavadoras e armas, mas só podem demolir esta casa sob os nossos cadáveres”, disse Gumer Ganyiev, um dos membros da religião, ao canal de televisão Vesti.
A seita de Satarov, no entanto, não está restrita aos 700 metros quadrados da residência subterrânea. Segundo informações da mídia local, existem seguidores em outras cidades russas nas províncias de Tatarstan e nas margens do rio Volga.