Terça-feira, 15 de julho de 2025
APOIE
Menu

Ao menos 124 mil dos 225.000 imigrantes e refugiados que  chegaram em 2015 à Europa pelo mar Mediterrâneo desembarcaram na Grécia, principalmente nas ilhas de Lesvos, Kos, Quios, Samos e Leros, anunciou nesta sexta-feira (07/08) o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).

De acordo com a agência da ONU, os desembarques na Grécia aumentaram 750% entre 1º de janeiro e o dia 31 de julho, com relação ao mesmo período do ano passado. Só no mês passado foram reportadas 50 mil chegadas à Grécia, o que representam 20 mil mais que no mês anterior.

Leia também:
Grécia prorroga detenção de imigrantes em condições precárias, diz Médicos Sem Fronteiras
Apesar de crise econômica, Grécia é o país que mais recebe refugiados na Europa, diz Acnur

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

EFE

Menina afegã toca instrumento em acampamento improvisado em parque em Atenas

Nessa circunstância, o Acnur fez um apelo ao governo grego para controlar o que classifica como “caos total” as condições de recepção dos estrangeiros.  Além disso, o órgão destaca que a maioria dessas pessoas (63%) são sírios que estão fugindo de uma guerra civil que se arrasta há mais de quatro anos e que, portanto, têm direito à proteção internacional sob a condição de refúgio.

“Há um caos total nas ilhas. Após alguns dias eles são transferidos para Atenas; não há nada esperando por eles em Atenas”, declarou em entrevista a jornalistas Vincent Cochetel, diretor do Acnur para a Europa.

“Em termos de água, em termos de salubridade, em termos de assistência alimentar, é totalmente inadequado. Na maior parte das ilhas, não há capacidade de recepção, pessoas não estão dormindo sob qualquer forma de teto”, acrescentou.

Fragilidade grega

A situação ocorre em meio ao colapso econômico da Grécia, a crise interna entre o partido de esquerda governista Syriza e as negociações com credores acerca de um programa de terceiro resgate de quase 90 bilhões de euros, em troca de medidas de austeridade.

Diretor do Acnur diz que condição de recepção de refugiados é 'caos total' e que nunca viu situação tão dramática como nas ilhas gregas em 30 anos de atuação

NULL

NULL


Nesta manhã, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse também nesta sexta que a infraestrutura do país não consegue suportar milhares de imigrantes desembarcando. “Agora é hora de ver se a União Europeia é a União Europeia da solidariedade ou é a União Europeia que tem todos tentando proteger suas fronteiras”, declarou, segundo a Reuters.

“Temos consciência das limitações do governo grego, mas lhe pedimos que consiga lugares para os refugiados. Há muitos quartéis militares sem utilização ou terras não cultivadas… Qualquer coisa é melhor que nada”, rebateu o diretor do Acnur.

Situação dramática

Um caso que ilustra a precariedade da situação na capital grega é o de 500 imigrantes – principalmente famílias afegãs com crianças pequenas – que vivem em um estacionamento, reportou a Agência Efe.

“Distribuir comida ao povo em plena rua… Sem que haja pelo menos um sistema de recolhimento de resíduos não representa, em absoluto, condições de recepção apropriadas e torna mais difícil nosso trabalho”, argumentou Cohetel.

O responsável disse que em 30 anos trabalhando com o Acnur, durante os quais foi testemunha de várias crises de refugiados na África e Ásia, nunca viu uma situação tão dramática como a que aconteceu nas ilhas gregas, que visitou recentemente. “Isto é a União Europeia e é totalmente vergonhoso”, criticou.

Reprodução/MSF

Centro de detenção de Komotini, no norte da Grécia: instalações do gênero se multiplicam na fronteira com Turquia e Bulgária