Greve de 24 horas mobiliza 28 sindicatos no Uruguai contra projeto de reforma previdenciária
Medida prevê aumento da alíquota de contribuição de 18,5% para 22,5%; votação foi adiada e deve ser retomada na quarta-feira (02/07)
Um projeto de reforma do Fundo de Aposentadoria e Pensão dos Profissionais Universitários (CJPPU), discutida há semanas no Parlamento uruguaio, provocou uma greve de 24 horas com a adesão de 28 sindicatos do país, nesta segunda-feira (30/06).
A paralisação reuniu categorias como médicos, advogados, psicólogos, engenheiros, bibliotecários e arquitetos que se manifestaram em frente ao Parlamento e à Torre Executiva, em Montevideo. Eles rejeitam o projeto de lei em discussão e conseguiram interromper sua votação, novamente marcada para a próxima quarta-feira (02/07).
A CJPPU é um sistema previdenciário autônomo e específico para profissionais com formação universitária no Uruguai. Ele funciona de forma independente, com regras próprias de financiamento e gestão. Nos últimos anos, porém, a instituição vem enfrentando dificuldades financeiras, o que motivou a proposta de reforma em debate no Parlamento.
A proposta original do governo de Yamandú Orsi não foi aceita pelos partidos da coalizão republicana e nem pelos manifestantes. Ela previa um aumento da alíquota de contribuição de 18,5% para 22,5% e um novo imposto sobre os benefícios dos aposentados, com taxas entre 2% e 11%, conforme o rendimento.
Enquanto isso, o Parlamento uruguaio continua negociando uma alternativa que permita ao fundo cumprir suas obrigações ainda neste mês de julho. Segundo o jornal El País, os partidos da oposição apresentaram uma contraproposta que reduz à metade a alíquota para aposentados — de 11% para até 5% — mantendo a contribuição dos ativos em 18,5%.

Governo Orsi prevê aumento da alíquota de contribuição para Fundo de Aposentadoria e Pensão dos Profissionais
Reprodução / X Frente Ampla
Greve nacional
Em pronunciamento à imprensa, o presidente do Sindicato Médico do Uruguai (SMU), José Minarrieta, afirmou que as propostas “implicam um aumento desproporcional na contribuição de profissionais ativos e um desconto para os passivos”. As medidas, apontou, são consideradas “injustas e prejudiciais aos nossos grupos, bem como a aceleração da convergência para os nascidos entre 1967 e 1972”.
“O problema do CJPPU exige soluções equitativas e sustentáveis”, afirmou Minarrieta. Ele também destacou que a posição dos sindicatos “é contra este projeto de lei e não contra qualquer governo em particular, mas em defesa dos profissionais do país”.
O SMU participou da mobilização acompanhado pelo Sindicato Anestésico Cirúrgico (SAQ) e pela Federação Médica do Interior (FEMI). Durante a paralisação apenas urgências, emergências e pacientes oncológicos foram atendidos. Cirurgias já marcadas também não foram suspensas “em respeito aos pacientes e suas famílias”, afirmou a FEMI.
Com La Diaria e El País.