A Grécia foi paralisada na última quarta-feira (20/11), por trabalhadores de diversos setores, incluindo educação, logística, construção, transporte público e saúde, que aderiram a uma greve geral de 24 horas.
A mobilização em massa começou nas primeiras horas do dia e seguiu a uma greve da mídia na terça-feira (19/11), que envolveu veículos de comunicação públicos e privados. As informações são do People’s Dispatch.
Durante manifestações, trabalhadores exigiram a revogação das chamadas leis anti-trabalhistas, que incluem medidas que ampliaram as horas de trabalho, e pediram a restauração de salários justos.
Nos últimos dez anos, sucessivos governos gregos, sob pressão da União Europeia e de instituições financeiras internacionais, implementaram políticas de austeridade que resultaram em drásticas reduções de renda, com os salários atuais cerca de 14% abaixo dos níveis de 2011, conforme dados dos sindicatos.
Os manifestantes alertaram que suas atuais condições tornam “impossível” levar uma vida digna, com um salário mínimo de aproximadamente 900 euros, enquanto os custos de moradia e alimentação são comparáveis aos de países com rendas mais altas na Europa.
Apesar das melhorias nas taxas de desemprego, conforme o governo, os sindicatos afirmam que os números não refletem a dependência da economia do país do turismo, nem as condições precárias de trabalho em muitos setores.
Os sindicatos também criticaram a legislação anti-trabalhista que persiste há mais de uma década, incluindo cortes salariais, aumento da jornada de trabalho e restrições à negociação coletiva, que afetam negativamente a maioria dos trabalhadores.
“Essas políticas estão mercantilizando ainda mais setores essenciais, como saúde, educação, energia, água, transporte, seguridade social e infraestrutura”, disse a Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) antes da greve.
Além disso, os sindicatos exigem garantias para serviços públicos e universais de educação e saúde, e soluções habitacionais acessíveis – a pressão para privatizar e mercantilizar direitos básicos reflete, conforme reportagem do People’s Dispatch, as escolhas feitas pelas administrações gregas, que priorizaram as metas fiscais em detrimento das necessidades da população.
Críticas à OTAN
Embora a Grécia tenha sido elogiada por sua recuperação econômica por organizações financeiras internacionais, a classe trabalhadora continua a enfrentar uma negação sistêmica dos direitos fundamentais, enquanto o governo aloca milhões de euros para gastos militares através da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Em resposta, a PAME declarou: “Não aceitamos que nossas necessidades básicas e diárias sejam sacrificadas para dar bilhões aos armamentos da OTAN, para mísseis, fragatas, aviões de guerra.”
A organização destacou ainda que uma fração significativa do orçamento foi destinada à compra de uma fragata no Mar Vermelho – “dinheiro que poderia ser usado para o orçamento anual de um hospital”.
O lema da greve geral foi: “Fora os matadouros de guerra; em vez disso, financiem salários, saúde e educação”.
“A grande participação na greve e nos comícios demonstra a forte oposição dos trabalhadores às políticas antipopulares do governo e seu alinhamento com os interesses empresariais”, afirmou a PAME, reafirmando seu compromisso de continuar com as mobilizações até que o governo altere suas prioridades em relação aos direitos dos trabalhadores e à paz.
(*) Com People’s Dispatch.