Sindicatos de transportes e representantes de outros setores, como vinicultores, comerciantes e estudantes, uniram-se no Peru nesta quarta-feira (23/10) para um protesto massivo contra o governo de Dina Boluarte, sobretudo dos poderes Executivo e Legislativo, denunciando a cumplicidade das autoridades para o aumento da violência no país, incluindo crimes de extorsões e assassinatos contra transportadores.
A greve de 24 horas convocada em todo o país conta com milhares de pessoas de diversas regiões. Ela exige, em especial, que o governo peruano tome medidas de segurança para evitar ataques a taxistas, caminhoneiros, motoristas de ônibus e trabalhadores do transporte em geral. Além disso, demanda a revogação da Lei 32108, que mudou a qualificação de crime organizado no país para dificultar a investigação de grupos criminosos (principalmente os que atuam no controle de ruas e avenidas), e a convocação de eleições gerais para desmantelar o governo Boluarte.
Anteriormente, o setor de transportes mobilizou outros dois protestos no país, em 26 de setembro e 10 de outubro. Na ocasião, o Congresso mobilizou 14 mil policiais e 4 mil soldados justificando “conter a situação” e acusando os manifestantes de realizarem um “terrorismo urbano”. Sem obter resposta das autoridades, os trabalhadores peruanos decidiram mobilizar mais uma paralisação em âmbito nacional.
Diferentemente dos protestos anteriores, as lideranças da greve geral desta quarta-feira constituíram uma Coordenadoria Nacional de Lutas, composta pela maioria das organizações que participaram nas recentes ações de combate, para liderar a paralisação.
Cenário da greve
No início da tarde, o Comando de Operações da Polícia Nacional do Peru (PNP) ordenou o envio de centenas de soldados a várias regiões do país para reprimir os manifestantes. De acordo com um documento obtido com exclusividade pelo canal peruano Epicentro, foram distribuídos 50 policiais nas cidades de Piura, Lambayeque, San Martín, Huánuco, Ucayali, Puno, Cusco, Junín, Ayacucho, Tumbes, Cajamarca e Ica; 80 em Arequipa; 20 em Moquegua e Tacna.
Além disso, 80 agentes foram enviados da base ‘Los Sinchis’, especializada na luta contra a “insurgência”. Segundo o Epicentro, o documento leva a assinatura do coronel Manuel Centeno. Nele, detalha-se que as tropas peruanas viajaram para Lima no início da semana para “cumprir um serviço de 29 dias, com uma possível prorrogação por mais 29 dias”.
De acordo com o portal Infobae, ao longo dos protestos, a PNP reforçou a segurança nos arredores do Palácio do Governo e do Congresso. Centenas de policiais fizeram barreiras humanas para impedir o avanço dos manifestantes no prédio parlamentar, em Lima.
Em função dos protestos e da paralisação no transporte, escolas e universidades suspenderam suas aulas e aderiram às aulas remotas.