A Missão de Manutenção da Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) na República Democrática do Congo denunciou nesta quinta-feira (06/02) o assassinato de pelo menos 163 mulheres, que teriam sido queimadas vivas em ação realizada pelo grupo terrorista ruandês Movimento 23 de Março (M23) assumiu o controle de Goma, capital da província de Quivu, próxima à fronteira entre os dois países.
A acusação foi feita em Genebra, na Suíça, pela ministra congolesa dos Direitos Humanos, Chantal Chambu Mwavita, em sessão especial realizada na sede da ONU para tratar do tema.
Segundo o relato da ministra, o M23 tem realizado “saques de prédios jurídicos, e em um desses ataques o algo foi o edifício onde funcionavam uma maternidade e uma organização que defende mulheres vítimas de violência”. Ela contou que a maioria as mulheres queimadas vivas teriam sido capturadas pelos terroristas durante esse ataque.
Chambu Mwavita acusou o exército de Ruanda de apoiar as ações do M23 no norte da República Democrática do Congo, e também criticou as declarações “ambíguas e irresponsáveis” das autoridades do país vizinho a respeito do tema.
A denúncia do governo congolês na ONU também apresentou o caso de um presídio em Goma no qual os detentos teriam sido libertados pelo M23, alguns dos quais teriam sido recrutados pelo grupo terrorista.

Grupo terrorista M23 realiza disparos de mísseis em ataque à província no norte da República Democrática do Congo
A onda de violência promovida pelo M23 no norte da República Democrática do Congo tem provocado um êxodo em massa, com mais de 6,5 milhões de deslocados internos.
O governo congolês também aponta a União Europeia e o Ocidente como “cúmplices” das ações do grupo terrorista. “Os países ocidentais tentam fingir que não sabem o que acontece, porque são os que se beneficiam com o roubo dos nossos recursos minerais por parte de Ruanda, seu principal aliado na região”, ressaltou a ministra Chambu Mwavita.
Histórico do conflito
O M23 é um grupo terrorista composto principalmente por tutsis, grupo étnico que sobreviveu ao genocídio de Ruanda em 1994 – muitas pessoas dessa etnia fugiram para o país vizinho, na época conhecido como Zaire, para fugir do massacre.
Poucos anos após a chamada Segunda Guerra do Congo (1998-2003), quando o antigo Zaire passou a se chamar República Democrática do Congo, surgiu o M23, formado em sua maioria por tutsis congoleses. O grupo contou com apoio do governo de Ruanda desde os seus primeiros anos, apesar de operar em território estrangeiro e de realizar atentados considerados terroristas pelo governo local.
As disputas entre as forças congolesas e o M23 acontecem desde os Anos 2000, especialmente na província de Quivu. Aliás, esta é a segunda vez que o grupo terrorista toma o controle da cidade de Goma – a primeira ocasião foi entre 2012 e 2013.
Com informações de TeleSur.