Os rebeldes do grupo M23, apoiados por Ruanda, anunciaram nesta terça-feira (04/02) um cessar-fogo unilateral no leste da República Democrática do Congo (RDC) por “motivos humanitários”. A medida foi tomada após apelos de organizações e agências internacionais pela criação de um corredor seguro que permitisse a evacuação de civis das áreas de conflito.
Na segunda-feira (03/02), a Organização das Nações Unidas (ONU) relataram que pelo menos 900 pessoas morreram durante combates em Goma, capital do Kivu do Norte, a maior província do leste congolês rica em recursos minerais na fronteira com Ruanda. A tomada da área gerou “pânico” entre seus dois milhões de habitantes, conforme a própria ONU e foi considerada como uma “declaração de guerra” por parte do governo local.
A milícia ameaçou marchar até a capital do Congo, Kinshasa, no outro extremo do segundo maior país da África. Além disso, falou em tomar o controle de Bukavu, a capital de Kivu do Sul. No entanto, no comunicado publicado nesta terça, o grupo voltou atrás e declarou que não tem intenção “de tomar o controle de outras localidades”.

Pelo menos 900 pessoas morreram durante combates em Goma, capital do Kivu do Norte, a maior província do leste congolês rica em recursos minerais na fronteira com Ruanda
Para este sábado (08/02), está previsto um encontro entre os presidentes do Congo, Félix Tshisekedi, e de Ruanda, Paul Kagame, em Dar es Salaam, na Tanzânia, no âmbito da cúpula extraordinária da Comunidade de Estados da África Oriental (CEAO) e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para tentar alcançar um acordo.
Enquanto as autoridades de Kinshasa acusam o governo ruandês de querer se apropriar dos recursos minerais do Kivu do Norte, o país vizinho, que auxilia o M23, afirma que se trata de uma operação prevendo erradicar grupos armados que ameaçam a segurança do país, incluindo as milícias étnicas hutus, como as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), fundadas por aqueles que fugiram de Ruanda após participarem do genocídio de 1994, que deixou cerca de um milhão de mortos.
(*) Com Ansa