Sexta-feira, 18 de abril de 2025
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O grupo paramilitar M23 anunciou nesta quinta-feira (20/03) que tomou o controle de um centro de mineração na região de Walikale, no leste da República Democrática do Congo.

A notícia foi confirmada por um informe da agência AFP, que apurou a informação junto a autoridades da cidade congolesa de Mubi, principal centro urbano da região, a cerca de 30 quilômetros do centro de mineração.

O informe indica que ao menos 13 pessoas teriam morrido durante os ataques realizado pelo M23, milícia que é apoiada pelo governo de Ruanda.

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A região de Walikale, na província de Kivu do Norte, possui grandes minas de estanho, de ouro e de coltan, além de pequenas jazidas de outros metais cobiçados por diferentes indústrias.

Kivu do Norte é uma província que fica no nordeste da República Democrática do Congo, fazendo fronteira com os territórios de Ruanda e Uganda. No entanto, Walikale é ponto mais a oeste que o M23 alcançou – ou seja, se trata da localidade mais distante da fronteira com Ruanda, entre as que o grupo conquistou desde o início de sua invasão ao país vizinho, em janeiro passado, através da qual foram tomadas diversas cidades e centros de mineração nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul.

Fracasso da mesa de diálogo

A conquista de Walikale acontece dias depois do fracasso na instalação de uma mesa de diálogo que reuniria representantes do M23 e da República Democrática do Congo na cidade de Luanda, capital de Angola.

A proposta havia sido apresentada pelo mandatário angolano João Lourenço, que também exerce a Presidência pro-tempore da União Africana em 2025. Ele seria o mediador das primeiras reuniões.

No domingo (16/03), a porta-voz congolesa Tina Salama afirmou que o governo do seu país enviaria representantes a Angola para ouvir a proposta de mediação do conflito.

Digital Congo
Grupo paramilitar M23 iniciou invasão do territóri congolês em janeiro passado

“Manteremos nossas expectativas reservadas, mas respeitamos o presidente Lourenço e vamos ouvir o que ele tem a oferecer”, disse a ministra.

A declaração de Kinshasa aconteceu dias depois de o Exército congolês iniciar uma contraofensiva para tentar retomar o controle de algumas cidades em Kivu do Norte e Kivu do Sul.

Em reação a esses ataques, o grupo paramilitar M23 publicou um comunicado em suas redes sociais, no qual acusou o governo da República Democrática do Congo de “tentar torpedear” a mesa de diálogo.

Invasão patrocinada por Ruanda

O conflito na região teve início quando o M23 iniciou uma invasão de parte do território congolês em janeiro passado, e que tomou as cidades de Goma, capital de província de Kivu do Norte, e Bukavu, capital da província de Kivu do Sul.

O M23 é um dos mais de 100 grupos armados que formam parte da chamada Aliança do Rio do Congo (CRA, por sua sigla em inglês) e que lutam contra o exército congolês, com o apoio financeiro, logístico e bélico entregue pelo governo de Ruanda, além do envio de tropas do país para participar de ações conjuntas no território vizinho.

Por sua parte, o governo da República Democrática do Congo diz que Ruanda patrocina grupos milicianos da região com o objetivo de se apropriar das riquezas minerais da região.

De acordo com agências da Organização das Nações Unidas (ONU) que atuam no continente africano, a invasão do M23 às províncias do leste da República Democrática do Congo provocou mais de sete mil mortes, somente entre janeiro e fevereiro deste ano, incluindo um massacre no qual 163 mulheres foram queimadas vivas, além do deslocamento massivo de mais de sete milhões de pessoas.

 

Com informações de TeleSur e The Guardian.