O jornal britânico The Guardian publicou neste sábado (16/11) uma reportagem destacando “preocupação crescente” de que a Argentina, sob a liderança do presidente de extrema direita Javier Milei, possa se retirar do acordo climático de Paris.
Segundo o diário, Milei, um “negador prolífico da ciência climática”, está considerando anunciar uma saída formal do acordo após a Casa Rosada ordenar a delegação argentina a deixar a COP29 em Baku, no Azerbaijão, três dias depois do início do encontro.
Ainda de acordo com o Guardian, essa decisão pode ser tomada após uma reunião entre Milei e o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Vale lembrar que o argentino foi o primeiro líder mundial a se encontrar com Trump após sua eleição, em Mar-a-Lago, na Flórida.
“Milei já havia chamado a crise climática de uma ‘mentira socialista’ e prometeu retirar a Argentina do acordo de Paris durante sua campanha no ano passado, mas ele recuou posteriormente. Trump já prometeu retirar os EUA do acordo climático pela segunda vez depois de ter se retirado em 2016, quando nenhum outro país o seguiu”, apontou o diário.
Espera-se que o segundo governo Trump continue com a movimentação para retirar novamente Washington do acordo após tomar posse em 20 de janeiro.
O Guardian informou que há “pressões” de aliados do bilionário para uma “saída mais permanente” dos EUA do acordo de Paris e “até mesmo da estrutura climática subjacente das Nações Unidas”.
No entanto, uma saída da Argentina do acordo climático pode enfrentar uma “forte oposição” interna. O jornal destaca que Oscar Soria, diretor argentino do think tank Common Initiative, afirmou que a política ambiental de Milei é movida ideologicamente e alimentada por “desinformação e doutrina extremista”: “é um coquetel perigoso que já está afetando – e continuará afetando – o bem-estar dos argentinos”.
“A ação climática global continuará, com ou sem a Argentina. Isso foi provado como verdade no caso dos Estados Unidos quando Trump decidiu deixar o acordo de Paris em 2017. Muitos líderes de extrema direita subestimaram o acordo de Paris antes. Este grupo parece destinado a fazer o mesmo”, disse Soria.