Enquanto os combates pelo controle da Líbia continuam acirrados na região sul e na cidade de Sirte, foi divulgado nesta terça-feira (30/08) o primeiro balanço sobre o número total de mortos desde o início dos protestos, em fevereiro, que resultaram na guerra civil. Segundo o coronel Hisham Buhagiar, comandante das tropas rebeldes que tomaram a capital Trípoli há uma semana, cerca de 50 mil líbios mortos, entre rebeldes, forças leais ao coronel Muamar Kadafi e desaparecidos.
“Em Misrata e Zlitan, entre 15 mil e 17 mil foram mortos. Foi em Jebel Nafusa (nas Montanhas Ocidentais) onde ocorreu a maior parte das mortes”, calculou o militar, que também lembrou de muitas casualidades no leste, em Ajdabiyah e Brega. “Nós libertamos cerca de 28 mil prisioneiros. Supomos que todos os desaparecidos estejam mortos”, acrescentou ele à agência de notícias Reuters.
Em Benghazi,o porta-voz militar dos rebeldes, Ahmad Omar Bani, explicou que, além de Sirte, ainda há choques intensos em Sabha, no sul do país e a 800 quilômetros de Trípoli. “Não sei o que [as forças pró-Kadafi] estão pensando, porque nós vamos libertar toda a Líbia”, desafiou Bani de Benghazi, reduto dos oposicionistas, à agência de notícias Efe. Combates também são registrados em Zawara, chave para o controle do principal posto fronteiriço com a Tunísia.
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“Depende das circunstâncias da batalha, mas não será mais difícil do que em outras cidades”, disse o porta-voz a respeito de Sirte. Segundo Bani, neste momento, as tropas rebeldes se encontram a 100 quilômetros da cidade, pelo leste, e 50 pelo oeste.
Mistério
O paradeiro de Kadafi é desconhecido, conforme o próprio porta-voz militar dos rebeldes líbios admitiu em entrevista à Efe. Hoje, porém, o vice-primeiro-ministro rebelde e ministro do Petróleo e Economia, Ali Tarhuni, disse ter “uma boa noção” sobre onde Kadafi está escondido e não duvida que poderão capturá-lo.
Em entrevista coletiva concedida no hotel Corinthia, em Trípoli, Tarhuni disse que conhecem o esconderijo dos principais ajudantes de Kadafi e que espera que o governo argelino entregue à família do coronel, refugiada na Argélia.
A Reuters, citando um guarda-costas capturado, cujo nome não foi
divulgado, informou que Kadafi esteve em Trípoli até a última
sexta-feira. Depois, ele deixou a capital e foi para a cidade desértica
de Sabha, a cerca de 800 quilômetros ao sul da capital.
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Três dos filhos do coronel, Aisha, os irmãos Hannibal e Mohamed, e a ex-mulher Safia, fugiram ontem da Líbia para o território argelino. Segundo as autoridades argelinas, a família entrou no país por “razões humanitárias”. Aisha acabou por dar à luz um neto a Muamar Kadafi nesta terça-feira. De acordo com autoridades da Argélia, filha e neta de Kadafi passam bem.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros argelino, Amar Belani, disse que o governo autorizou a entrada no país da mulher e dos três filhos de Kadafi e que a comunidade internacional foi informada sobre a entrada da família na região.
Ultimato
Mais cedo, o líder do CNT (Conselho Nacional de Transição) da Líbia, Mustafá Abdul Jalil, estipulou um ultimato até sábado (03/09) para que as tropas de Kadafi se rendam. Caso contrário, promoverão uma ofensiva militar. “Até lá, se não houver indicações pacíficas para implementação disso [a rendição], nós decidiremos militarmente. Não desejamos fazê-lo, mas não podemos esperar mais”.
Jalil disse ainda ter informado a oficiais da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliada aos rebeldes, que o CNT não deve precisar de auxílio de tropas estrangeiras para manter a segurança.
O CNT afirmou que iniciou um plano para desarmar a população líbia e colocar todas as milícias abaixo de um único comando, em um Conselho Militar de Trípoli, capital.
Desbloqueio de bens
Nesta terça-feira, a ONU (Organização das Nações Unidas) anunciou que autorizou o Reino Unido a descongelar 1,5 bilhão de dólares em bens líbios que estavam retidos em bancos britânicos. A informação foi dada pelos porta-vozes da Missão do Reino Unido nas Nações Unidas, que detalharam que agora buscam “a transferência rápida e segura” desses bens ao Banco Central da Líbia.
O dinheiro estava congelado desde fevereiro, quando a ONU impôs sanções financeiras à Líbia para pressionar Kadafi. Segundo o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, o dinheiro será utilizado principalmente para entregar ajuda humanitária aos líbios. “Essas cédulas, congeladas no Reino Unido após as sanções da ONU, vão auxiliar nas urgências humanitárias do país, incentivar a confiança no setor bancário, pagar salários de trabalhadores públicos e aumentar liquidez da economia”, disse Hague.
O desbloqueio aconteceu pouco antes de o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se reunir com os membros do Conselho de Segurança para explicar a situação atual na Líbia e expor suas ideias iniciais sobre o papel da entidade após o fim do atual governo. A Alemanha pediu o desbloqueio de 1,5 bilhão de dólares em fundos líbios em entidades germânicas, mas ainda aguarda a resposta.
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