Sábado, 17 de maio de 2025
APOIE
Menu

Como a cidade que abriga a maior população judaica fora de Israel ao mesmo tempo em que acolhe a maior população muçulmana no Ocidente, Nova Iorque caminha em direção às suas eleições municipais, em novembro, com candidatos que divergem sobre o genocídio praticado por Tel Aviv na Faixa de Gaza.

O favorito na corrida eleitoral é Andrew Cuomo, do Partido Democrata. O advogado é ex-governador do estado de Nova Iorque (2011-2021), renunciou diante de acusações de assédio sexual, e ainda é responsável pela má-administração da cidade durante a pandemia de covid-19. A maior cidade dos EUA foi o epicentro do vírus e registrou cerca de 44 mil mortos entre 2020 e 2021.

Além do currículo extenso, o político também faz parte do time jurídico que defende o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, contra as acusações do Tribunal Pena Internacional (TPI) pelos crimes de guerra e contra a humanidade em Gaza.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

“Tenho orgulho de estar na defesa jurídica do primeiro-ministro contra o mandado de prisão no TPI e tenho orgulho de me posicionar contra o antissemitismo”, declarou Cuomo em novembro passado, ao começar a integrar o time criado por Alan Dershowitz, ex-professor de direito de Harvard e advogado de defesa, segundo o New York Post.

Possível primeiro prefeito muçulmano de NY

Do outro lado, o segundo candidato com mais intenções de voto para a prefeitura de Nova Iorque, de acordo com a Folha de S. Paulo, é Zohran Mamdani. Também do Partido Democrata, o político de 33 anos com ascendência muçulmana, prometeu prender Netanyahu caso ele viajasse a Nova Iorque durante seu possível mandato.

Mamdani, que é um deputado estadual progressista pelo bairro do Queens, é definido pelo The New York Times como “um socialista democrata, que continua a abraçar visões de esquerda que se tornaram menos populares entre os eleitores de Nova Iorque”.

Mamdani é deputado estadual progressista pelo bairro do Queens
Zohran Kwame Mamdani/X

Como parlamentar apresentou um projeto de lei para proibir que instituições de caridade da cidade financiem organizações “vinculadas a crimes de guerra israelenses”.

O periódico também destaca um dos pilares de sua campanha: apelar para que os cerca de um milhão de muçulmanos da cidade registrados a votar exerçam seu direito no pleito tanto em novembro, quanto nas primárias democratas, em junho. Na última eleição municipal, apenas 12% desse total votaram.

“Não culpo ninguém em nossa comunidade por não votar, porque muitas vezes parece que não há muito em que votar. Mas neste 24 de junho, nesta primária democrata, temos uma chance — uma oportunidade — de dizer ao mundo que os muçulmanos não pertencem apenas à cidade de Nova York, mas que pertencemos à Prefeitura”, declarou Mamdani, segundo o NYT.

Outros candidatos

O Partido Democrata tem outros candidato à prefeitura de Nova Iorque: o gestor de fundos Whitney Tilson. Entre suas declarações pró-Tel Aviv, Tilson acusou Mamdani de tentar levar à prefeitura da cidade uma “agenda anti-Israel”.

O político chegou a afirmar que o deputado muçulmano estava sendo apoiado por militantes palestinos apoiadores do Hamas “a espalhar uma mensagem de ódio anti-Israel e persuadir os esquerdistas a se juntarem ao Partido Democrata a tempo para as primárias de 24 de junho”.

Eric Adams, atual prefeito de Nova Iorque pelo Partido Democrata, que tem históricos baixos de aprovação, anunciou que concorrerá à reeleição de forma independente, sem participar das primárias de junho. O político tem proximidade com o presidente Donald Trump e chamou Mamdani de “candidato antissemita”.

Já Brad Lander, também do Partido Democrata, manteve uma “posição diferenciada” sobre o conflito em Gaza, segundo o Politico: “Lander discorda do governo Netanyahu e apoia um cessar-fogo, ao mesmo tempo em que pede a devolução dos reféns israelenses. Autodenominado sionista liberal, apoia uma solução de dois Estados, ao mesmo tempo em que critica a escala da resposta militar israelense. Ele destaca o sofrimento dos palestinos e denuncia casos de antissemitismo”.

(*) Com informações de Folha de S. Paulo, New York Post , New York Times e Politico