Sábado, 12 de julho de 2025
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“A Secretaria Nacional das Farc e o Comando Central do ELN fazem chegar a todos os guerrilheiros e guerrilheiras das duas organizações nossa mais calorosa, combativa, fraterna e revolucionária saudação”.

Assim começa uma declaração conjunta dos líderes das duas principais guerrilhas colombianas, divulgada no último dia 16, na qual manifestam a vontade de parar de lutar entre si e se unir contra o inimigo comum, “o atual regime que o governo de Álvaro Uribe transformou no mais perverso fantoche dos planos do império”.

Alfonso Cano, que comanda as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) desde a morte de Manuel Marulanda, em 2008, está tentando trazer a guerrilha de volta às origens, com um trabalho mais político e mais próximo da população, segundo vários analistas.

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A declaração conjunta das Farc e do Exército de Libertação Nacional ocorreu poucos dias após o importante centro de estudos colombiano Novo Arco Íris lançar seu relatório anual sobre a situação do conflito colombiano, agravando as previsões.

Os analistas do Arco Íris dizem que a política de segurança democrática do presidente Uribe, em seu oitavo ano de existência e após ter atingido o auge em termos militares em 2008, começou um declínio inevitável.

 

“O relatório tem dois eixos. Por um lado, as Farc foram reativadas, registrando 1300 ações militares, 30% a mais do que em 2008. Este grupo tinha 20 mil soldados no início do governo do presidente Uribe. Depois de sete anos, mesmo com uma ofensiva impressionante [do governo], podem estar entre 10 mil e 12 mil. O fato de terem se reativado militarmente mostra que conseguiram se adaptar ao novo cenário de guerra e voltar a incrementar suas ações”, afirma Luis Celis, do Novo Arco Íris.

Paramilitares em expansão

Por outro lado, diz ele, os paramilitares têm crescido em número e agora são quase 11 mil, estão presentes em quase 300 municípios. “Pode-se dizer que esta força heterogênea e não-centralizada é hoje a principal ameaça à vida, à convivência e a uma ordem que pretende ser democrática”.

O relatório é acompanhado por uma análise cuidadosa dos dados oficiais e de um trabalho de campo exaustivo. Analise-se o caso de Medellín, por exemplo. Estatísticas de 2009 mostram que os assassinatos cresceram 133% em relação a 2008. Isto se deve a disputas internas no cartel de Envigado, a estrutura paramilitar anteriormente controlada por Don Berna. Quando ele foi preso e extraditado para os Estados Unidos, teve início uma briga pelo controle da organização.

Segundo Celis, este é um bom exemplo da reativação do paramilitarismo em todo o país. Os dados confirmam o aumento no número de homicídios em todas as principais áreas urbanas da Colômbia: em Sincelejo, 61,7%; Cartagena, 40%; Cali, 38,4%; Santa Marta, 34,4%; Bogotá, 29,4%; Barranquilla, 25%.

Enquanto isso, o governo se defende por meio do ministro da Defesa, Gabriel Silva, que afirma que os ataques à segurança democrática ocorrem porque a temporada eleitoral está começando e acrescenta: “Hoje o país é, e continuará a ser, muito mais tranqüilo “.

O que é certo é que o governo está aprovando a prorrogação até 2014 do imposto de propriedade, a taxa especial que financia a guerra contra as Farc, junto aos 9 mil contribuintes mais ricos do país.

Guerrilha colombiana refaz estratégia em meio ao declínio da política de segurança do governo

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