Guinada à esquerda em Itaipu: Lugo troca direção da usina
Guinada à esquerda em Itaipu: Lugo troca direção da usina
Em um ano eleitoral no Paraguai, marcado pelas primárias dos partidos
políticos antes da votação para renovar os governos municipais, o
presidente Fernando Lugo destituiu o diretor-geral paraguaio da usina
Itaipu Binacional, Carlos Mateo Balmelli, e designou para o cargo seu
assessor de Assuntos Internacionais, Gustavo Codas Friedman. O novo
diretor é um economista de 50 anos formado pela PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo) e com mestrado em Relações
Internacionais pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Codas
morou, estudou e trabalhou no Brasil a partir de 1983, quando se
exilou, fugindo do regime de Alfredo Stroessner (1954-1989). Durante
anos, foi assessor econômico de sindicatos brasileiros e da direção
executiva da CUT (Central Única dos Trabalhadores) – criada, entre
outros, pelo então metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. Daí seu papel
central nas negociações com o Brasil, nas quais foi considerado
peça-chave
para o acordo alcançado pelo governo paraguaio sobre Itaipu.
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Lugo decidiu demitir Balmelli diante das suspeitas de que o dinheiro da
usina poderia ser utilizado em campanhas eleitorais, considerando as
aspirações presidenciais nunca ocultadas pelo dirigente do PLRA
(Partido Liberal Radical Autêntico), principal força política no
governo.
Mas a guinada à esquerda na principal hidrelétrica do país tem também o
objetivo de conferir um conteúdo mais social a um governo com espírito
socialista, que busca criar assim seu próprio projeto político.
Basta observar a nova composição da direção executiva de Itaipu, onde
dois antigos dirigentes sindicais ocuparão as diretorias mais
importantes: a administrativa (Constancio Mendoza) e a técnica (Antonio
Brasas); e uma economista especializada em Desenvolvimento Social,
Gladys Benegas, será a diretora financeira.
Desenvolvimento social
Gustavo Codas anunciou que sua gestão à frente da binacional terá
quatro eixos principais, baseados em uma política de desenvolvimento
com equidade social. A prioridade será a implementação dos pontos
pendentes do acordo assinado pelos presidentes Lugo e Lula em 25 de
julho de 2009, cujo principal aspecto é o aumento da compensação pela
cessão de energia paraguaia. O Paraguai recebe em torno de 120
milhões de dólares por ano pelo excedente energético, mas pretende obter 360
milhões a partir de 2010. O acordo ainda depende de aprovação do Congresso brasileiro.
Codas antecipou que a intenção do governo, no caso da obtenção desses
recursos adicionais, é a criação de um Fundo de Desenvolvimento
Nacional. Acrescentou que o aumento da compensação pela cessão de
energia significa também a criação da efetiva capacidade de utilizar a
energia hidrelétrica para o desenvolvimento nacional no prazo mais
curto possível.
“Já estamos muito atrasados nisso”, afirmou Codas. “É
decepcionante ver que a energia produzida hoje na hidrelétrica dos dois
países não pode, por causa da gestão mantida durante décadas, ser usada
para o desenvolvimento paraguaio e, sobretudo, para o bem-estar da
população, com os reflexos que estamos vendo neste verão”, disse ele.
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