O governo, o Parlamento e os setores empresariais haitianos iniciaram um diálogo, nesta segunda-feira (01/02), para tentar encontrar uma saída para a crise política que se estende no país desde o final do ano passado.
O chefe do Senado, Joslerme Privert, indicou que estão trabalhando para evitar um vazio de poder — visto que o presidente Michel Martelly deixará o governo no próximo domingo (07/02) e um sucessor ainda não foi eleito. Diante do atual cenário, é cogitada a adoção de uma espécie de governo provisório para organizar as eleições, que já foram suspensas duas vezes.
Agência Efe
População pede a renúncia do presidente Michel Martelly
A chamada ao diálogo é realizada em meio à nova onda de protestos, desta vez contra a chegada da OEA (Organização dos Estados Americanos) que, a pedido do governo haitiano, aterrissou no país. A organização tem como objetivo tentar encontrar uma solução para a crise política desenhada diante do iminente vazio de poder e deverá se reunir com Martelly nesta terça-feira (02/02).
Oposição à OEA
Setores da sociedade haitiana, no entanto, consideram que a presença do organismo só deve piorar a situação.
Isso porque a oposição — liderada por oito candidatos à presidência, incluindo o segundo colocado, Jude Celestin — acredita que a organização pretende dialogar apenas com aqueles que consideram ser “os principais representantes políticos e sociais” e não com o povo, que pede justiça eleitoral, uma transição de governo pacífica, além da indicação de um novo Conselho Eleitoral e a realização de novas eleições.
Agência Efe
Polícia haitiana reprimiu manifestantes durante protestos contra fraudes eleitorais
O segundo turno, que deveria ter ocorrido em 27 de dezembro, foi adiado para 24 de janeiro, mas também não ocorreu devido às mobilizações sociais que pediam a renúncia do presidente e foram duramente repreendidas pela polícia.
Celac
Outro ator regional, a Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos), cujo último encontro aconteceu na semana passada, também foi solicitada para atuar no país em busca de uma solução. O pedido, feito diretamente pelo chanceler do país, gerou controvérsia no âmbito da organização por se tratar de algo até então inédito.
Diante da solicitação, o organismo se propôs a enviar uma missão ao Haiti, que deverá dialogar com todos os setores sociais entre oposição e governo, para conhecer a situação no país e propor soluções políticas que devolvam a normalidade à população.
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Os chanceleres da Venezuela, Uruguai, Equador e Bahamas viajarão ao país caribenho para avaliar a situação e as medidas que podem ser tomadas.
Minustah
Operando no país desde o terremoto de 2004, a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), cuja presença no país é questionada por setores dentro e fora da sociedade haitiana, reiterou a necessidade de se encontrar uma solução ao vazio político para qual o Haiti caminha quando Martelly deixar a presidência, no dia 7.
A permanência ou saída da Minustah do país depende da solução à crise política que afeta a ilha. O subsecretário da Defesa Nacional do Uruguai, Jorge Menéndez, já havia destacado que a finalização da missão estaria próxima, estipulando como data para iniciar o processo de retirada das tropas no dia 15 de outubro deste ano.
Agência Efe
Sandra Honoré reiterou a necessidade de se encontrar uma solução ao vazio político