A proposta apresentada por Donald Trump de deslocamento forçado da população palestina da Faixa de Gaza gerou fortes reações de repúdio nesta quarta-feira (05/02) por parte de organizações palestinas e de governos de países árabes.
O grupo de resistência Hamas se expressou através de dois comunicados. Um deles, divulgado pelo porta-voz Sami Abu Suhri, disse que a proposta de Trump é uma receita para “criar caos e tensão na região”.
“O que precisamos é o fim da ocupação e da agressão contra o nosso povo, não sua expulsão de sua terra. Nosso povo frustrou planos de deslocamento e deportação sob bombardeios durante mais de 15 meses. Os palestinos não aceitarão nenhum plano destinado a retirá-los de sua pátria”, acrescentou Suhri.
Em outro comunicado, Izzat Al-Rishq, também porta-voz do grupo, disse que “Gaza não é uma terra comum em que qualquer um pode decidir controlar. É parte da nossa terra Palestina ocupada. Qualquer solução deve ser baseada em um fim na ocupação e na garantia dos direitos do povo palestino, não em uma mentalidade de comerciante imobiliário. Uma mentalidade do poder e da dominação”.
A reação do Hamas acontece horas depois da declaração do presidente norte-americano, Donald Trump, realizada na Casa Branca, durante um encontro entre o mandatário e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Na coletiva após a reunião, o mandatário de extrema direita disse apoiar o projeto de expulsão dos palestinos para que se realizem os trabalhos de reconstrução no território visando a transformação de Gaza em uma “Riviera do Oriente Médio”.
Por sua parte, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse que a proposta de Trump e Netanyahu configura uma “violação aos direitos dos moradores de Gaza e uma grave violação do direito internacional”.

Países árabes repudiaram proposta de Trump de deslocamento massivo da população palestina de Gaza
“Não permitiremos que os direitos do nosso povo, pelos quais lutamos por décadas e fizemos grandes sacrifícios para alcançar, sejam violados”, expressou o líder palestino, em entrevista à agência Wafa.
Riyad Mansour, representante palestino na Organização das Nações Unidas (ONU) também criticou as declarações. “Nossa pátria é nossa pátria, se parte dela foi destruída, o povo palestino escolheu retornar e eu acho que os líderes e os povos do mundo devem respeitar essa decisão”, frisou o diplomata.
Cinco países árabes – Arábia Saudita, Emirados Árabes, Catar, Egito e Jordânia – junto com a Liga Árabe e a Autoridade Nacional Palestina assinaram nesta mesma quarta-feira (05/02) uma carta conjunta dirigida ao governo dos Estados Unidos, manifestando seu repúdio à proposta de Donald Trump de deslocamento forçado da população palestina da Faixa de Gaza.
A carta assinada pelos líderes árabes enfatiza que a reconstrução de Gaza deve ser liderada pelos palestinos, com apoio da comunidade internacional, e que mais deslocamentos só contribuiriam para desestabilizar mais a região. Os signatários reafirmaram seu compromisso com uma solução de dois Estados como caminho para a paz e segurança, tanto para os paletinos quanto para os israelenses, e defenderam os “direitos inalienáveis dos palestinos”.
A Arábia Saudita, um dos países que assinou a carta conjunta, também reagiu através de um comunicado de seu Ministério de Relações Exteriores, no qual sublinhou a “firmeza” de sua decisão. O país também lembrou que vinha trabalhando na normalização das suas relações com Israel, mas que, após o projeto exposto por Trump e Netanyahu, decidiou condicionar esse processo de normalização à criação de uma via política em direção a um Estado Palestino.
A proposta de Trump para a Faixa de Gaza também foi condenada pela ONU e por diversos líderes mundiais da Europa, Ásia e América Latina, incluindo os governos da China e da Rússia. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se mostrou enfaticamente contrário ao projeto.
Com informações de Wafa e The Guardian.