A secretária de Estado Hillary Clinton expôs hoje (15), pela primeira vez, as prioridades da Casa Branca em termos de política externa. Convidou o Irã para diálogo e para uma ação imediata em pontos considerados cruciais pela Casa Branca, defendeu a participação dos países árabes na solução da questão palestina e enfatizou a parceria com os principais emergentes no estabelecimento de uma nova agenda global.
Em discurso no Council of Foreing Relations, em Washington, Hillary criticou o governo iraniano em vários aspectos, como repressão aos manifestantes após as eleições de junho, falta de liberdade de imprensa, ameaças a países vizinhos, apoio ao terrorismo. Apesar disso, ressaltou que os Estados Unidos irão manter aberta a opção do diálogo sobre o programa nuclear iraniano. Mas frisou que esta oferta não valerá para sempre.
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“Vimos a energia da eleição no Irã com grande admiração, com exceção da violência com que o governo calou as vozes dos iranianos, e da tentativa de esconder suas ações prendendo e expulsando jornalistas estrangeiros e locais”, afirmou Hillary. “Como nós e nossos parceiros do G-8 deixamos claro, esses atos são deploráveis e inaceitáveis”.
A secretária também mencionou a herança recebida da administração Bush na relação com o Irã, criticando a falta de diálogo. Reconheceu que a administração Obama não tem a ilusão de que o diálogo vai resolver todos os problemas e que a esperança foi reduzida após a crise pós-eleitoral, mas disse que é importante oferecer ao Irã a possibilidade de se engajar na “comunidade internacional com um membro responsável ou continuar se isolando cada vez mais”.
O Irã, afirmou Hillary, não tem o direito de desenvolver um programa nuclear com fins militares, e os Estados Unidos estão “determinados a evitar isso”. Mas tem o direito de usar energia nuclear com finalidades civis, desde que restabeleça a confiança da comunidade internacional. “A escolha é clara. Estamos prontos para colaborar com o Irã, mas a hora de agir é agora. A oportunidade não vai ficar aberta indefinidamente”.
Oriente Médio
Sobre o Oriente Médio, Hillary disse que os esforços para promover a paz na região não podem ser somente responsabilidade de israelenses ou palestinos. “Acabar com o conflito requer ação de todas as partes”.
A secretária ressaltou que os países árabes, caso apoiem os palestinos e ofereçam uma aproximação concreta, ainda que modesta, aos israelenses, poderiam causar um grande impacto. “Digo a todas as partes: não podem enviar mensagens de paz até que não atuem também contra a cultura do ódio, da intolerância e da falta de respeito que perpetua o conflito”.
Emergentes
Hillary disse que o governo norte-americano pretende dar ênfase especial ao Brasil e outros países emergentes, como China, Rússia, índia, Turquia, Indonésia e África do Sul. “Estes Estados são vitais para alcançarmos soluções para os problemas compartilhados e avançarmos em nossas prioridades, como crescimento econômico e mudança climática, entre outros”.
Obama vem rompendo com a política exterior de George W. Bush, com medidas como oferecer diálogo a países incluídos pelo ex-presidente no chamado “eixo do mal” (Irã, Iraque e Coreia do Norte), pedir o reconhecimento do Estado palestino e buscar aproximação com a América Latina, entre outras diretrizes.
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