O irlandês Eamon De Valera, líder do Fianna Fáil (Os soldados do destino), promulgou em 29 de dezembro de 1937 uma constituição republicana para o Eire. Nela, o país é declarado soberano e independente e não reconhece mais a soberania do rei da Inglaterra. Um plebiscito em 1º de julho do ano seguinte adotaria definitivamente a nova carta magna. A República da Irlanda seria oficialmente proclamada em abril de 1949.
Entre 1847 e 1848, o país foi assolado pela fome, devido à praga na cultura de batata, e por uma epidemia de tifo, responsáveis pela morte de aproximadamente 800 mil pessoas – cerca de 10% da população do país. A crise foi responsável pela imigração em massa, principalmente para o norte dos Estados Unidos.
Em 1905 foi fundado o Sinn Féin (Nós Sozinhos), movimento nacionalista que se propunha a lutar pela soberania da Irlanda de forma legal e que, com grande apoio popular, elegeu em 1918 a maioria dos deputados irlandeses ao Parlamento Britânico. Fortalecido, o Sinn Féin proclamou unilateralmente a independência da Irlanda, provocando a reação inglesa e de grupos protestantes da região do Ulster, norte.
Manifestações anti-britânicos conduziram à chamada Rebelião do Easter em Dublin, de abril de 1916, mas que não conseguiu derrubar o governo britânico. Uma guerrilha contra as forças britânicas seguiu-se à proclamação da república pelos rebeldes em 1919. O Estado Livre Irlandês foi constituído como um domínio em 6 de dezembro de 1922, com seis condados do norte permanecendo como parte do Reino Unido.
Uma guerra civil estalou então entre os que defendiam o Tratado Anglo-Irlandês e aqueles que o repudiavam porque levaria à secessão da ilha. O IRA (sigla em inglês do Exército Republicano Irlandês), chefiado por Eamon de Valera, lutou contra a secessão, mas perdeu. De Valera chegou ao governo em 1927 e tornou-se primeiro-ministro em 1932. Em 1937, uma nova constituição mudou o nome da nação para Eire.
Divisão
A República da Irlanda foi proclamada em 18 de abril de 1949, tendo se retirado da Commonwealth. A partir dos anos 1960, duas correntes antagônicas dominaram o cenário político irlandês: uma se mantinha fiel aos objetivos e sofrimentos da rebelião e da guerra civil; a outra representava o empenho do IRA e de grupos mais moderados em trazer a Irlanda do Norte ao seio da república. Nas últimas três décadas as ações do IRA e dos grupos paramilitares protestantes intensificaram suas ações e foram responsáveis por vários atentados na Irlanda do Norte, principalmente na capital, Belfast.
A situação agravou-se de vez em 1972, quando os soldados ingleses mataram 13 manifestantes católicos que participavam de uma passeata pacífica contra a presença britânica na ilha. Foi o chamado Bloody Sunday (Domingo Sangrento), fato que ficou imortalizado na música Sunday Bloody Sunday, da banda de rock irlandesa U2, e foi tema do filme Domingo Sangrento (2001), dirigido por Paul Greengrass. O IRA se fortaleceu e a partir de 1974 iniciou uma onda de atentados visando atingir principalmente britânicos ilustres e membros do Partido Unionista.
A ascensão do Partido Trabalhista ao poder em 1997 criou novas condições de negociação política, com a Inglaterra preocupada em fortalecer-se dentro da Europa e a própria elite irlandesa católica ansiosa em aproveitar as novas condições de desenvolvimento. A suspensão dos atentados por ambos os lados foi fundamental para que as negociações pudessem avançar.
Em 1998, o prêmio Nobel da Paz é concedido ao protestante David Trimble da Irlanda do Norte e ao católico John Hume do Eire. Em 2001, aumenta a tensão entre católicos e protestantes e o processo de paz fica a um passo do colapso. Em outubro desse ano o IRA resolve depor as armas e o processo avança.
Em 2002 a violência volta às ruas. O governo britânico suspende a autonomia do Ulster, retomando a administração do território. O IRA declara suspensas as negociações, porém afirma que continuaria com a luta, por meios pacíficos e democráticos, em prol da reunificação da Irlanda do Norte, controlada pelos ingleses, com a República da Irlanda.
Em 28 de julho de 2005, o IRA anuncia formalmente o fim da luta armada contra o domínio britânico na Irlanda do Norte (Ulster).
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