Após declarar a suspensão da reunião extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), a presidente de Honduras, Xiomara Castro, anunciou nesta quarta-feira (29/01) a criação da “Estratégia Nacional de Emergência” para proteger os hondurenhos deportados dos Estados Unidos, e reiterou sua disposição de manter um “diálogo estreito” com o governo de Donald Trump.
“A expulsão imediata de migrantes de vários países latino-americanos e caribenhos, incluindo Honduras, anunciada pelos Estados Unidos, sem dúvida gera uma crise humanitária e econômica em nossa nação”, disse a mandatária em rede nacional.
De acordo com dados oficiais dos Estados Unidos, dos cerca de 1.8 milhão de hondurenhos no país, um pouco mais de 261 mil estão atualmente sob ordens de deportação do serviço migratório norte-americano.
Diante da “drástica política de imigração” de Trump, Castro reiterou seu compromisso de manter a comunicação com o país norte-americano.
“Reitero minha disposição de manter um diálogo estreito com os Estados Unidos para que nossas políticas de reciprocidade e respeito sejam confirmadas por ambas as nações em prol de nossos povos”, disse Castro.
Estratégia Nacional de Emergência
A “Estratégia Nacional de Emergência” anunciada por Castro inclui programas de ação para hondurenhos em situação migratória irregular nos EUA.
O plano, segundo ela, estabelece apoios em áreas como a saúde, o acompanhamento psicológico e social, a assistência jurídica, o reagrupamento familiar e a criação de abrigos temporários e de acolhimento. Além disso, a estratégia também buscará assinar acordos bilaterais ou multilaterais com outros países para promover a proteção dos direitos dos imigrantes em condições vulneráveis.
📢El Gobierno de la presidenta @XiomaraCastroZ fortalecerá el apoyo a los hondureños en situación migratoria irregular en Estados Unidos, brindando asistencia y asesoría legal mediante convenios, además, se impulsará la suscripción de acuerdos bilaterales y multilaterales con… pic.twitter.com/mBr4mBJtzi
— Secretaría de Prensa de Honduras (@gobprensaHN) January 29, 2025
Dentre os programas, destaca-se o “Irmão, volte para casa”, que dará aos hondurenhos que retornaram ao país um bônus econômico, alimentos e capital inicial para iniciar negócios.
“Defenderemos até que os serviços sejam prestados para um retorno ordenado que atenda às condições de dignidade e segurança que nossos compatriotas merecem, por meio de voos privados que o governo de Honduras esteja disposto a financiar”, disse Castro, acrescentando que os imigrantes “não são criminosos, são seres humanos”, e que “migrar é um direito humano”.

A presidente de Honduras, Xiomara Castro, anunciou a chamada “Estratégia Nacional de Emergência” para proteger os migrantes deportados dos EUA
Reunião da Celac é suspensa
As medidas hondurenhas foram anunciadas logo após o cancelamento da reunião extraordinária da Celac, que estava prevista para acontecer na quinta-feira (29/01). A cúpula havia sido convocada no domingo (26/01), após a crise diplomática e política entre a Casa Branca e o governo colombiano.
O anúncio da suspensão, justificada por uma “falta de consenso” entre os estados-membros, foi realizado pelo governo de Xiomara Castro, que preside temporariamente o bloco regional.
Em nota, sem citar nomes, a chancelaria do país centro-americano afirmou que alguns países que integram o grupo “privilegiaram outros princípios e interesses diferentes aos de unidade da região latino-americana e caribenha”.
“Os migrantes e seus direitos (…) constituem uma preocupação comum que deve ser abordada com objetividade e responsabilidade. No entanto, no exercício da Presidência pró-tempore, Honduras lamenta que (…) novamente tenhamos recebido mais uma vez uma oposição sistemática de estados-membros que privilegiaram outros princípios e interesses diferentes aos de unidade da região latino-americana e caribenha”, disse o comunicado.