Atualização às 12h20
O parlamento sul-coreano deve analisar se abre o processo de impeachment do presidente Yoon Suk Yeol até a próxima sexta-feira. Ele é acusado, pela oposição, traição e ato inconstitucional devisdo a sua decisão de decretar lei marcial no país, medida que foi rechaçada pelos deputados.
O pedido de impeachment foi apresentado nesta quarta-feira ela oposição, liderada pelo Partido Democrata, com apoio de outras cinco agremiações. Após a apresentação, este projeto deverá ser votado num período entre 24 e 72 horas e deverá contar com o consenso de pelo menos dois terços dos membros do Parlamento, ou seja, 200 pessoas (de um total de 300). O Artigo 54 e 71 da Constituição sul-coreana afirmam que, se um projeto de impeachment for aprovado pela Assembleia, o presidente deverá “imediatamente” ser suspenso do cargo, e o primeiro-ministro, Han Duck Soo, assumiria o governo interino.
Até o momento, a Assembleia contabiliza 192 pessoas que declaradamente apoiam o voto a favor do impeachment de Yoon: 170 membros do Partido Democrata da Coreia, 12 do Partido da Inovação da Pátria, três do Partido da Nova Reforma, três do Partido Progressista, um do Partido da Renda Básica, um do Partido Social Democrata, dois independentes. Ou seja, sendo necessária a aprovação de mais oito membros.
Há indícios de que o impeachment possa ser aprovado também por parte da base governista. Ihn Yo Han, membro da Assembleia Nacional e um dos representantes mais renomados da sigla governista da Coreia do Sul, seria um dos líderes da situação que já não apoiam o presidente Yoon. A informação partiu de um alto funcionário próximo aos assuntos discutidos pelo Partido Democrata, da oposição sobre os bastidores da sigla governista.
Com exclusividade a Opera Mundi, indicou nesta quarta-feira (04/12) um racha inédito dentro do próprio Partido do Poder Popular (PPP) de extrema direita, relatando que “todos os ministros e vice-ministros, exceto da Defesa Nacional e da Administração Pública e Segurança” rechaçaram o ato de Yoon, pedindo, portanto, a sua renúncia.
“O primeiro-ministro Han Duck Soo e o vice-primeiro-ministro Choi Sang Mook não reconhecem Yoon Suk Yeol como presidente”, revelou. Outras figuras-chave da situação estariam adotando posição semelhante.
Apontado como o principal apoiador da decretação da lei marcial, o ministro da Defesa Nacional, Kim Yong Hyun, lamentou nesta quarta-feira a situação “por causar confusão e preocupação ao público”. “Eu assumo a responsabilidade por todas as situações relacionadas à lei marcial”, disse a autoridade, em comunicado, e admitiu que “todos os soldados que desempenharam funções relacionadas a assuntos emergenciais da lei marcial seguiram as instruções do Ministério”.
“A lei marcial foi derrubada e as pessoas estão retomando seu cotidiano, mas a situação política e de segurança interna não é fácil. Faremos todos os esforços para evitar que isso aconteça novamente”, acrescentou.
Após a declaração, o chefe da pasta, que havia sido nomeado há três meses, apresentou sua renúncia. Kim também virou alvo de investigação da oposição por traição, crime que na Coreia do Sul é passível de punição com prisão perpétua ou pena de morte.
Manifestantes reforçam impeachment
O distrito de Jongno, na capital sul-coreana de Seul, teve reforço no seu policiamento após ter sido o palco principal dos protestos que ocorreram durante a madrugada desta quarta-feira. A Opera Mundi, os policiais no local informaram que a ordem dada pelo governo era de não conceder informações à imprensa.
Já no fim da tarde, representantes e militantes de diversos partidos se reuniram próximo à estação central de Gwanghwamun, segurando cartazes contra a permanência de Yoon no poder. Cercado dos policiais, por meio de alto-falantes, os ativistas dos partidos dos Ecologistas, da Justiça e dos Trabalhadores gritavam que a medida decretada pelo presidente feria “todos os direitos de vida” e desafiava a população a uma “guerra civil” no país.
À reportagem, uma ativista do Partido dos Trabalhadores e integrante do “Femi Club” (Clube do Feminismo, por sua tradução em inglês) afirmou que “não podemos ficar calados e aceitar uma ditadura”.
“Faço parte do subgrupo (do Partido dos Trabalhadores) ‘Femi Club’. Antes, o presidente falou em abolir o Ministério da Mulher, e ele nunca demonstrou nenhum interesse sobre o assunto. Por outro lado, continuou declarando que não existe discriminação de gênero no país. Esse foi um dos pontos que mais me indignou, sendo uma mulher. Mas não foi somente isso. As coisas pioraram ao longo do tempo”, contou a militante, lembrando de um dos episódios mais polêmicos da campanha eleitoral de Yoon, em 2022, quando durante uma entrevista afirmou que “não há mais discriminação estrutural de gênero” e prometeu abolir o Ministério da Mulher.
No bairro de Yeouido, que sedia a Assembleia Nacional que foi cercada por tropas militares e tanques no dia anterior, policiais continuavam no local e impediam que os civis se aproximassem à casa. Pelo lado exterior, mais um ponto de concentração de manifestantes que pediam a destituição de Yoon.