O candidato independente derrotado no primeiro turno das eleições presidenciais chilenas, Marco Enríquez-Ominami, declarou hoje (13) apoio à candidatura de Eduardo Frei, da coligação de centro-esquerda Concertação, mesmo sem citá-lo nominalmente.
“Diante da incerteza de que a direita possa chegar ao poder e impedir a marcha do Chile rumo ao futuro, é minha responsabilidade contribuir com o que eu puder para que isso não ocorra. Portanto, declaro formalmente minha decisão de apoiar o candidato dos 29% dos chilenos que votaram no dia 13 de dezembro”, disse, em referência à porcentagem obtida por Frei no primeiro turno.
Acompanhado da esposa, Karen Doggenweiler, o ex-candidato fez um rápido discurso na câmara dos deputados do Chile e justificou sua decisão em razão de “um abismo de diferenças inconciliáveis” que tem com a direita chilena. No entanto, Enríquez-Ominami, que também é deputado, ressaltou que deixa total “liberdade de ação” para quem o apoiou na campanha.
O ex-candidato voltou a afirmar que “Eduardo Frei e Sebastián Piñera são filhos do passado”, “compartilham vícios” e “são parecidos demais”. Ele prometeu trabalhar “dia e noite para que esta seja a última eleição disputada por dois líderes da transição”.
O segundo turno das eleições presidenciais no Chile acontece no próximo domingo (17).
Durante o discurso, Enríquez-Ominami também questionou os partidos que apoiam a candidatura da direita. “O setor que apoia Piñera, grande parte deles, encheu de luto a nossa pátria. Eles são cúmplices dos que assassinaram meu pai e, mais grave ainda, hoje não se arrependem disso e ainda se orgulham”, disse, lembrando Miguel Enríquez, secretário-geral do MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária) morto durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Segundo o jornal chileno La Tercera, nos círculos de Enríquez-Ominami comenta-se que o ex-candidato decidiu apoiar Frei depois que o governo deu prioridade a projetos que estavam em seu programa de campanha, como o voto optativo, o reconhecimento constitucional às águas como bem público e o fortalecimento da educação pública.
No entanto, o deputado declarou ainda que não pretende ocupar “cargo algum” se a candidatura governista for eleita. Pelo contrário: segundo a rede TeleSur, ele prometeu liderar uma oposição “construtiva e propositiva” ao futuro governo, seja qual for.
Margem mínima
De acordo com a última pesquisa de opinião divulgada, a diferença entre Piñera e Frei é agora mínima: o candidato conservador tem 50,9% das intenções de voto, enquanto o democrata-cristão aparece com 49,1%. A pesquisa foi realizada pelo instituto Mori (Market Opinion Research International) e tem margem de erro de 3 pontos percentuais para mais e para menos.
No primeiro turno, realizado no mês passado, o candidato da direita obteve 44% dos votos, enquanto Frei chegou a 29% e Enríquez-Ominami – que foi o candidato mais jovem à presidência do Chile, concorrendo como independente – recebeu 20%.
Se Piñera vencer no domingo, será o primeiro presidente direitista do Chile desde a redemocratização do país, em 1990.
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