Índia lança ‘Operação Sindoor’ e ataca nove alvos no Paquistão
Ofensiva visando ‘infraestruturas terroristas’ foi anunciada pelo Ministério da Defesa de Nova Délhi; Islamabad reivindicou ‘direito de responder’
A Índia lançou nesta terça-feira (06/05) a “Operação Sindoor”, visando “infraestruturas terroristas” no Paquistão, e atingiu nove alvos dentro do país, informou o Ministério da Defesa de Nova Délhi.
“Há pouco tempo, as Forças Armadas indianas iniciaram a ‘Operação Sindoor’, atacando infraestruturas terroristas no Paquistão e na Caxemira ocupada pelo Paquistão, de onde ataques terroristas contra a Índia têm sido planejados e coordenados”, disse o ministério em um comunicado.
India has launched #OperationSindoor, a precise and restrained response to the barbaric #PahalgamTerrorAttack that claimed 26 lives, including one Nepali citizen. Focused strikes were carried out on nine #terrorist infrastructure sites in Pakistan and Pakistan-occupied Jammu and…
— Ministry of Defence, Government of India (@SpokespersonMoD) May 6, 2025
“Nossas ações foram focadas, medidas e não escalatórias. Nenhuma instalação militar paquistanesa foi alvo. A Índia demonstrou considerável moderação na seleção de alvos e no método de execução”, acrescentou o ministério.
Paquistão fala em ‘responder com força’
Segundo a imprensa do Paquistão, apenas “civis inocentes e paquistaneses” foram alvos, apesar da Índia anunciar o ataque contra “infraestruturas terroristas”.
Após a operação indiana, o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, declarou que seu país “tem todo o direito de responder” à ofensiva de mísseis indiana em seu território, que classificou como “um ato de guerra imposto pela Índia”.
“O inimigo lançou um ataque covarde. O Paquistão tem todo o direito de responder a esse ato de guerra imposto pela Índia, e ele está sendo respondido com força”, afirmou.
Sharif ainda afirmou que “a moral e a paixão de toda a nação paquistanesa estão altos”, de modo que seu povo “nunca permitirá que o inimigo tenha sucesso em seus objetivos”.
Enquanto isso, o mandatário também convocou o Comitê de Segurança Nacional na capital Islamabad para discutir a situação. A reunião do órgão está marcada para às 10h locais (2h no horário de Brasília) da próxima quarta-feira (07/05), de acordo com o Ministro da Informação, Attaullah Tarar, segundo a mídia local.
Já o diretor-geral de Relações Públicas do Paquistão, tenente-general Ahmed Sharif Chaudhry, reiterou que seu país “responderá a isso [aos ataques indianos] no momento e local de sua escolha” e disse que “todos os caças das forças armadas estão no ar”.
De acordo com relatórios preliminares de fontes de segurança em Islamabad, a Força Aérea Paquistanesa abateu duas aeronaves indianas e está preparando “uma resposta apropriada à agressão indiana”.

Prime Minister’s Office/Wikicommons
Histórico
As tensões entre a Índia e o Paquistão aumentaram após um ataque perto de Pahalgam, na região indiana de Jammu e Caxemira, em 22 de abril. Vários homens armados abriram fogo contra turistas no vale de Baisaran, um destino turístico popular. Um grupo chamado Frente de Resistência, ligado à organização Lashkar-e-Taiba, considerada terrorista por Nova Délhi, assumiu a responsabilidade pelo ataque que matou 25 indianos e um cidadão nepalês.
Após o ocorrido, a Índia tomou uma série de ações contra o Paquistão, incluindo medidas restritivas como o corte do fluxo de água pela Represa Baglihar no Rio Chenab, em linha com sua decisão de suspender o Tratado das Águas do Indo de 1960, que o país vizinho considerou um ato de guerra.
A Índia também ordenou o fechamento da fronteira entre os dois países, a expulsão de diplomatas e uma ordem para que paquistaneses com um tipo específico de visto deixassem o país. A entrada de mercadorias, correspondências e pacotes do Paquistão também foi proibida até novo aviso.
O Paquistão respondeu suspendendo imediatamente todos os vistos emitidos para cidadãos indianos sob um programa de isenção de visto, expulsando alguns diplomatas indianos e fechando seu espaço aéreo para voos do outro lado.
As autoridades indianas também fecharam seu espaço aéreo para todas as companhias aéreas de propriedade ou operadas pelo Paquistão e pediram ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras organizações que revisassem os empréstimos concedidos ao Paquistão.
Nos dias posteriores, tanto as forças militares indianas quanto as paquistanesas passaram a militarizar a região da fronteira entre os países.
Em 28 de abril, o ministro da Defesa paquistanês, Khawaja Muhammad Asif, chegou a dizer que não descartava a utilização de armamento nuclear, no caso de ele considerar que a segurança do seu país está em risco.
Posteriormente, durante uma reunião com líderes militares em 29 de abril, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, havia afirmado que as Forças Armadas do país tinham “total liberdade operacional para decidir sobre a forma, o propósito e o momento de nossa resposta” ao ataque em Pahalgam.
Horas antes do ataque, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, fez um apelo para que Índia e Paquistão evitassem uma escalada do conflito, alegando que isso poderia “facilmente sair de controle”.
(*) Com Brasil247, Prensa Latina, Sputnik e RT en español
