A ministra indiana da Mulher e Criança propôs nesta segunda-feira (01/02) que sejam obrigatórios os testes de identificação do sexo em fetos. Apesar de Maneka Gandhi afirmar que a medida tem como objetivo diminuir o índice de feticídios de meninas, militantes feministas chamaram a sugestão de chocante e disseram que a medida tem potencial de aumentar ainda mais o número de abortos.
Gandhi disse, em discurso, que registrar o sexo do feto no começo de uma gravidez e depois monitorar seu progresso seria mais eficiente do que banir testes de identificação de gênero nos fetos: “Quando uma mulher engravida, isto deveria ser registrado assim seria possível monitorar até o fim se ela deu à luz ou não e o que aconteceu”, argumentou Gandhi.
Sari_dennise/FlickrCC
Se descobrem que feto é menina, muitas famílias optam pelo aborto
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“Esta não é uma ideia muito produtiva. Na verdade, pode piorar as coisas”, disse à AFP Ranjana Kumari, diretora do Centro de Pesquisa Social de Nova Déli.
“Isto pode funcionar entre mulheres que receberam uma boa educação, mas não para a maioria das mulheres que vivem em áreas rurais e ainda estão sob a enorme pressão de atingir as expectativas das tradições culturais e sociais de ter um menino”, explicou Kumari.
Atualmente, os testes para determinar o gênero dos bebês são ilegais, mesmo assim, estima-se que a prática ainda seja realizada, principalmente nas áreas rurais. Isso porque bebês do gênero masculino são preferidos em algumas regiões e abortos ilegais chegam a ser feitos se as famílias descobrem que se trata de uma menina.
Um estudo do jornal médico inglês The Lancet, divulgado em 2011, mostrou que cerca de 12 milhões de meninas foram abortadas nas últimas três décadas no país.