O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), o chileno José Miguel Insulza, rejeitou nesta terça-feira (10/07) a suspensão do Paraguai e propôs o envio imediato de uma missão para supervisionar os preparativos das eleições, marcadas para abril. A postura da OEA contrasta com a do Mercosul e da Unasul, organismos de integração regional que suspenderam o país temporariamente por causa do golpe contra o presidente Fernando Lugo.
“Não esqueçamos que existe uma situação de normalidade política, social e política que queremos preservar”, afirmou Insulza durante uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da organização. Para ele, uma suspensão “não contribuiria para alcançar nossos objetivos. Já incrementar a presença efetiva dos órgãos da OEA evitaria o crescimento das divisões na sociedade e no sistema político.”
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Nicarágua, Venezuela, Bolívia e Equador solicitaram a suspensão do Paraguai na sessão extraordinária realizada em 26 de junho. Os países dizem que a rapidez com que o Congresso moveu o processo de impeachment contra Lugo violou seu direito de defesa.
Insulza esteve em Assunção, capital paraguaia, acompanhado de representantes dos Estados Unidos, Canadá, Haiti e outros. Ele foi criticado por não ter se encontrado com lideranças populares paraguaias, que denunciam violações ao direitos humanos no país.
Repercussão
Breno Dias da Costa, representante brasileiro na OEA, disse à BBC Brasil que as conclusões do relatório são “exclusivas do secretário-geral” e que o documento deve ser “avaliado pelas nossas capitais”. Dias da Costa quis “reiterar” a posição dos presidentes do bloco “no sentido de condenar a ruptura da ordem democrática no Paraguai”.
“Esta organização tem a obrigação de defender a democracia e não podemos passar uma mensagem no sentido de autorizar que qualquer quebra da ordem democrática seja considerada como algo trivial”, afirmou o dilpomata.
O embaixador venezuelano na OEA, Roy Chaderton, disse que o relatório do secretário-geral é “prolixo mas sem novidades”.
Por sua vez, o embaixador paraguaio, Hugo Saguier, pediu que a organização não adote mais medidas contra o seu país, que não tem mar e que sentirá “com força especial” os efeitos de sanções. “Estamos criando um precedente preocupante na região, porque superado este inconveniente espera-se que os paises voltem a ter boas relações. Mas quando as questões se tornam tão ofensivas, é difícil voltar a uma relação normal”, disse o embaixador.