A Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) se recusou a emitir uma ordem de prisão contra o ex-presidente da Bolívia Evo Morales. A informação foi confirmada pelo procurador geral boliviano Juan Lanchipa nesta quarta-feira (30/09).
O governo autoproclamado da Bolívia, que se constituiu após o golpe de Estado de novembro de 2019 que forçou a renúncia de Evo, acusa o ex-mandatário por supostos crimes de “sedição e terrorismo”.
“Quando se incorpora o ato de sedição, como neste caso, a Interpol interpreta que o delito é de ordem política e nos informou que não vão levar adiante a prisão”, disse Lanchipa.
As ações judiciais contra Morales começaram logo após o golpe de 2019, ainda em novembro, quando a Interpol, a pedido do governo autoproclamado, emitiu uma notificação azul contra o ex-presidente. Esse tipo de notificação delimita a investigação à “coleta de informações adicionais sobre a identidade, localização ou atividades de uma pessoas em relação a um crime”.
À época, exilado no México, Evo disse que a Interpol o procurava “por crimes que não existem”. Atualmente o ex-mandatário está na Argentina em condição de refúgio político.
Morales foi forçado a renunciar ao cargo no dia 10 de novembro por conta de um golpe de Estado encabeçado por grupos opositores que não reconheceram a vitória do ex-mandatário nas últimas eleições presidenciais. Com apoio das Forças Armadas e da polícia, opositores invadiram o palácio de governo e protagonizaram diversos episódios de violência contra apoiadores de Morales.
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Governo que se constituiu após o golpe de Estado que forçou a renúncia de Evo acusa o ex-mandatário de supostos crimes de ‘sedição’
Após o golpe, a senadora de direita Jeanine Áñez se autoproclamou presidente interina do país e vem alterando diversas políticas implementadas durante a gestão de Morales. As perseguições contra militantes do Movimento ao Socialismo, partido de Evo, e movimentos populares simpatizantes ao ex-presidente também são registradas no país.
A Bolívia vai às urnas no próximo dia 18 de outubro para eleger o próximo presidente do país. Luis Arce, candidato pelo partido de Evo, é favorito na disputa.