A intimidação aos eleitores e a pouca participação no norte do Kosovo, habitado por sérvios, ofuscaram as eleições municipais kosovares realizadas neste domingo (03/11) e que determinarão o futuro das aspirações europeias de Belgrado e Pristina.
A Comissão Eleitoral Central informou que às 12h (em Brasília), após sete horas de votação e a cinco do fechamento dos colégios eleitorais, se registrava uma participação de 33,14% do eleitorado no Kosovo. Mas, no norte, na cidade de Zubin Potok, o índice era 13,9%; em Mitrovica, de 9,9%; em Zvecan, de 7,39%; e, em Leposavic, de 12,5%.
Nos locais de maioria sérvia do centro e sul kosovar, a participação foi mais alta, e, em Strpce, alcançou 45%; em Gracanica, 40%; em Ranilug, 44%; e, em Partes, 50%.
Agência Efe
Kosovo realizou neste domingo eleições municipais em todo o território da região
Kosovo fez hoje as primeiras eleições municipais em todo seu território, consideradas cruciais para o avanço nos históricos acordos que a região e a Sérvia chegaram em abril sob a supervisão da União Europeia (UE). Cerca de 1,7 milhão de cidadãos teve direito a voto – a grande maioria deles, albano-kosovares – e podiam escolher prefeitos e vereadores nos 38 municípios.
No norte, grupos de ultranacionalistas sérvios partidários de um boicote ao pleito insultaram e ameaçaram os eleitores que foram deixar seu voto nos colégios eleitorais. As autoridades de Belgrado haviam feito vários pedidos para que os sérvios do norte votassem maciçamente, e o conselheiro do presidente do país, Marko Djuric, insistia que, com a votação, “a batalha é travada pela persistência da Sérvia no Kosovo”.
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O primeiro-ministro sérvio, Ivica Dacic, pediu aos sérvios que votassem, apesar das pressões e ameaças e advertiu que o boicote é contrário aos interesses da Sérvia.
“O destino dos sérvios no Kosovo e Metohija deve estar em suas mãos, e não nas de Hashem Thaçi (o primeiro-ministro do Kosovo, albano-kosovar), e das organizações ultradireitistas da Sérvia, que empurram aos sérvios à catástrofe”, declarou Dacic.
Independência
A Sérvia não reconhece a independência do Kosovo, mas encorajou os sérvio-kosovares a votar nas eleições municipais, já que da realização destas eleições com normalidade dependiam Sérvia e Kosovo de continuarem com suas aspirações comunitárias.
Após o pleito, deverá ser criada uma comunidade de municípios sérvios no Kosovo que contará pela primeira vez com reconhecimento internacional, assim como Pristina e Belgrado. Para a criação desse organismo, é necessário que os sérvios alcancem a maioria em pelo menos seis municípios.
Mais de 5.500 policiais, apoiados pela missão europeia Eulex e pela Otan zelaram pela segurança durante a votação.