A Irmandade Muçulmana recusou nesta quarta-feira (10/07) a proposta para participar do novo governo do Egito. O primeiro-ministro interino Hazem al Beblawi havia oferecido cargos ministeriais ao Partido da Justiça e da Liberdade, braço político do movimento islamita e principal base de apoio do presidente deposto Mohamed Mursi.
“Não pactuamos com golpistas. Rechaçamos tudo o que emane deste golpe militar”, afirmou o líder Tareq al Mursi sobre a proposta, que também havia sido apresentada ao partido Nour, a segunda força islâmica do país.
Agência Efe
Nesta quarta (10/07), partidários da Irmandade Muçulmana protestaram em apoio ao presidente deposto Mursi, no Cairo
Além dos partidos muçulmanos, a oposição liberal laica do Egito também tem criticado o plano de transição anunciado pelo presidente interino Adly Mansour. Na noite da última terça-feira (09/07), a FSN (Frente de Salvação Nacional), principal coalizão laica do país, comunicou a sua “rejeição à declaração constitucional”.
No entanto, o partido — dirigido até o momento pelo novo vice-presidente Mohamed ElBaradei — moderou sua crítica. Em novo comunicado, emitido nesta quarta (10/07), a coalizão afirmou que está “em desacordo” com artigos do decreto e irá sugerir “suas próprias emendas”.
Até mesmo o movimento Tamarrod, responsável por organizar os protestos maciços que levaram à deposição do presidente Mursi, também questionou o plano de transição, elaborado sem consultar as demais partes.
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A resposta da oposição dificulta a execução do plano de transição do primeiro-ministro interino. Al Beblawi manifestou desejo de ter o novo governo definido no prazo de três a quatro dias. “Nenhum ministério será dissolvido, mas alguns vão se juntar”, afirmou o novo premiê e ex-ministro das Finanças.
O decreto constitucional emitido por Mansur na última segunda (08/07), prevê novas eleições no país assim que as alterações à Constituição, atualmente suspensa, forem aprovadas em referendo.
Ajuda financeira
Governos árabes vizinhos vão providenciar US$ 12 bilhões como parte de um pacote de ajuda internacional ao Egito. Além dos US$ 8 bilhões confirmados pela Árabia Saudita e Emirados Árabes Unidos, o Kuwait também anunciou o suporte de US$ 4 bilhões em depósitos bancários, concessões e petróleo.
O repasse dos países do Golfo Árabe busca amenizar a crise na balança de pagamentos do Egito, além de acalmar a tensão causada pela escassez de combustível no país.