Sábado, 8 de novembro de 2025
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, cedeu à pressão internacional e anunciou hoje (25) uma suspensão de novas casas em assentamentos judaicos na Cisjordânia por dez meses. O objetivo da medida, justificou, é “retomar as negociações de paz”, para o que os palestinos exigem fim da expansão das colônias judaicas em seu território.

Em anúncio feito na sede do governo israelense, Netanyahu afirmou que Israel tomou o primeiro passo por acreditar que os palestinos e países árabes vão reagir positivamente, mas enfatizou que a suspensão é apenas para o início de construções residenciais. Nem as obras já em andamento serão interrompidas e nem a construção de sinagogas, escolas e prédios públicos será cancelada.

“Espero que esta decisão ajude a lançar negociações significativas para alcançar um acordo de paz histórico que finalmente termine com o conflito entre Israel e os palestinos”, disse o primeiro-ministro no anúncio, citado pelo jornal israelense Haaretz.

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Netanyahu classificou a decisão como “abrangente e dolorosa”.

Nas últimas semanas, vinha aumentando o número de críticas feitas por países e entidades multilaterais à expansão dos assentamentos judaicos. Na última quinta-feira, tanto o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, quanto o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, lamentaram a decisão israelense de erguer novas casas no assentamento de Guiló, em Jerusalém Oriental.

Yossi Zamir/EFE



O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante o anúncio de hoje

No sábado passado, em encontro com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se somou às críticas e pediu que Israel congelasse as novas construções “imediatamente”.

No entanto, a suspensão de novas construções não inclui a porção oriental de Jerusalém, que os palestinos reivindicam como sua capital. Mas Israel considera Jerusalém Oriental como “um assunto diferenciado e fundamental do conflito, a ser tratado nas conversas para o estatuto definitivo de paz”.

Segundo a agência de notícias espanhola EFE, o primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP) na Cisjordânia, Salam Fayyad, disse hoje à imprensa que a proposta de Netanyahu seria inaceitável se não incluísse a cidade santa.

Mais cedo, havia sido divulgado que o primeiro-ministro estava tentando convencer seu gabinete de que a suspensão das novas construções era necessária. Em Israel, as decisões do governo são votadas nas reuniões ministeriais para serem aprovadas. Entre os ministros, 11 votaram a favor da medida, e somente o titular da pasta da Infraestrutura (responsável pelas construções e obras públicas), Uzi Landau, se manifestou contra.

Coordenação

De acordo com o jornal conservador israelense Yedioth Ahronoth, a iniciativa foi coordenada com os Estados Unidos num esforço para desatar as negociações de paz com os palestinos. Poucos minutos depois do anúncio de Netanyahu, o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, apareceu em público para cumprimentar o primeiro-ministro israelense pela medida adotada. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, também elogiou a decisão e afirmou que contribuirá para a retomada das negociações.

“Acreditamos que, por meio de negociações de boa fé, as partes podem se colocar em acordo mútuo sobre uma saída que encerre o conflito e concilie o objetivo palestino de ser um Estado independente com base nas fronteiras de 1967 e a meta do Estado judeu de ter fronteiras seguras e reconhecidas”, disse ela, segundo a agência de notícias francesa AFP.

Israel começou a construir assentamentos judaicos na Cisjordânia após ocupar esse território na Guerra dos Seis Dias (1967). Atualmente, mais de 250 mil israelenses moram nos vários assentamentos (que são como condomínios fechados) no território delimitado entre Israel e a Jordânia.

Os palestinos exigem que Israel suspenda completamente a edificação nas colônias da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental para retomar o processo de diálogo, paralisado desde o início do ano.

Israel cede e suspende expansão de assentamentos na Cisjordânia

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