A entrada nos hospitais de Gaza de palestinos com ferimentos severos, como profundas queimaduras e mutilações de membros, fez com que organizações de direitos humanos acusassem Israel de utilizar munição fora dos padrões internacionais, ou sem o cuidado de não atingir populações civis.
A Human Rights Watch denunciou nesta semana casos de pessoas que sofreram queimaduras severas após o contato com esferas incandescentes de fósforo branco, material oriundo de granadas que o Exército israelense costuma usar para desviar mísseis leves antiaéreos do Hamas. O pó branco, em contato com a pele, provoca ferimentos graves.
Relatório divulgado pela organização no dia 10 afirma que o uso do fósforo branco é permitido onde não haja concentrações populacionais – o que não é o caso de Gaza, cuja capital tem uma das maiores densidades populacionais do mundo.
“O fósforo branco pode queimar casas e causar horríveis queimaduras quando atinge a pele”, explica Marc Garlasco, analista militar da Human Rights Watch. “Israel não deveria utilizá-lo em áreas densamente povoadas”.
A Convenção de Armas Químicas proíbe o uso como arma de substâncias químicas tóxicas que possam causar morte ou incapacitação de pessoas e animais. Israel ratificou um protocolo em 1995 que permite o uso de tais armas químicas apenas “quando não especificamente para causar queimaduras a pessoas”.
Denúncia de mutilações
Ontem, dois médicos noruegueses que passaram 11 dias trabalhando em um hospital da Faixa de Gaza acusaram o Exército de Israel de usar em seus ataques um explosivo conhecido como Dime (Dense Inert Metal Explosive), de acordo com jornal Aftenposten. O Dime é uma mistura de um material explosivo e outro químico, como o tungstênio, cujo raio de alcance é relativamente curto, mas o efeito, muito destrutivo. Pedaços de metal são lançados ainda quentes e podem destruir tanques de guerra.
A denúncia se baseou na observação de corpos de palestinos mutilados, que indicavam uso do armamento. “Há uma forte suspeita de que Gaza está sendo usada como laboratório de testes para novas armas”, disse um dos médicos.
Israel vem sistematicamente negando a participação do fósforo branco em ações militares, apesar de seu uso ser autorizado por normas internacionais, em situações especiais. Após a divulgação da entrevista feita com os dois médicos, o alto comando militar negou as acusações de que o Exército esteja usando em Gaza armamento que viole o direito humanitário, e disse que as forças de Israel “só utilizam armas autorizadas pela legislação internacional”.
Pó branco no Iraque e no Líbano
Notícias de que o fósforo branco estava sendo utilizado em zonas de conflito em Fallujah, no Iraque, surgiram pela primeira vez em 2004. Mas somente após o documentário Fallujah, The Hidden Massacre, exibido em 2005, citar testemunhos de refugiados da cidade iraquiana sobre ferimentos provocados pelas armas, os Estados Unidos admitiram o uso do armamento.
No ano seguinte, durante a guerra entre Israel e o Hezbollah, ocorrida no Líbano, o Exército israelense admitiu que usou fósforo branco, mas contra alvos militares em áreas amplas, e não aceitou as acusações dos libaneses de que civis haviam sido atingidos pelo pó – leia mais em reportagem do jornal israelense Haaretz, em inglês
Saiba mais sobre a estratégia de Israel para derrotar o Hamas e sobre o ataque de hoje a um prédio da ONU.
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