O presidente do Knesset, Parlamento israelense, Yariv Levin, anunciou nesta sexta-feira (04/06) que aceitou convocar Yair Lapid, líder do partido de oposição Yesh Atid, para apresentar a formação de um novo governo no país na próxima segunda-feira (07/06), dando mais um passo para encerrar os 12 anos de Benjamin Natanyahu no comando de Israel.
A declaração de Levin ocorre após o líder do Yesh Atid afirmar que conseguiu formar uma coalizão e conquistar maioria dentro do Parlamento, 61 cadeiras de 120. Segundo o jornal Times of Israel, o anúncio do presidente acontece no momento em que membros do Likud, partido do atual primeiro-ministro Netanyahu, se esforçam para frear o novo governo.
“Após o anúncio do presidente do Knesset ao plenário e de acordo com o prazo estabelecido na lei, o presidente irá marcar uma data para o debate e votação sobre a criação do novo governo”, disse Levin. Segundo a legislação de Israel, após essa declaração, é determinado que o voto de confiança ao novo governo ocorra dentro de sete dias a partir da convocação. A votação, portanto, deve acontecer no dia 14 de junho.
Nesta quarta-feira (02/06), Lapid anunciou a formação de uma coalizão com oito partidos contrários a Netanyahu, formando, então, uma maioria no Parlamento. Para conseguir as cadeiras necessárias, o líder do Yesh Atid reuniu grupos de diversas ideologias, mas que tinham o interesse de substituir o premiê que está há 12 anos no poder.
Para isso, a aliança conta, por exemplo, com o partido de extrema direita Yamina, de Naftali Bennett, e o partido árabe-israelense Raam, de Mansour Abbas. Bennett concordou com Lapid em revezar o mandato no governo.
De acordo com o Times of Israel, Levin, que é membro do Likud e presidente da Casa, poderia legalmente atrasar a votação sobre o novo governo por uma ou mais semanas, para que Netanyahu tenha mais tempo de tentar alguma mudança no cenário.
Reprodução/ @yairlapid
Nesta quarta, Yair Lapid anunciou a formação de uma coalizão com oito partidos contrários a Netanyahu
Na quinta-feira (03/06), parlamentares da coalizão de Lapid enviaram uma lista de assinaturas que pediam uma votação para que Levin fosse substituído da Presidência do Knesset no início da próxima semana. No entanto, o próprio Yamina declarou que só votaria em uma mudança no Parlamento assim que o novo governo fosse aprovado.
Em primeira declaração após o anúncio de que pode ser retirado do poder, Netanyahu postou nas redes sociais que “todos os membros da direita do Knesset devem se opor a este perigoso governo de esquerda”. Julgado por corrupção, Bibi, como é conhecido o primeiro-ministro, fracassou no começo de maio na tentativa de formar um governo, após seu partido ter conquistado 30 cadeiras nas eleições parlamentares de março, o quarto pleito em dois anos. Lapid, então, foi encarregado de conseguir uma aliança.
No entanto, para que Lapid tenha sucesso, ele precisa do acordo de 61 membros da coalizão, algo que o próprio Bennett está lutando para que aconteça, já que a número dois na lista do Yamina, Ayelet Shaked, está relutante em aderir ao acordo por haver divergências em relação à aliança.
Segundo a imprensa israelense, Nir Orbach, um dos membros do Yamina, apesar de ter realizado uma reunião com Bennett que havia terminado em “um bom tom” para formar um governo, estaria hesitando entrar em uma coalizão com o Lapid e partidos árabes, algo que poderia ser visto como traição por eleitores da direita. Por outro lado, entrar em um governo com Lapid poderia dar aos membros do Yamina posições-chave em ministérios.
Caso a coalizão anti-Netanyahu não conquiste maioria, o mandato terá que voltar ao Knesset, onde os legisladores terão 21 dias para lançar outro candidato que poderá formar um governo, ou novas eleições no país serão convocadas.
(*) Com Sputnik.